Título: Para Mantega, IOF mira também crédito
Autor: Safatle , Claudia
Fonte: Valor Econômico, 28/02/2008, Finanças, p. C2

Apesar da arrecadação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), em janeiro, ter tido aumento real de 89,27%, passando de R$ 614 milhões em janeiro de 2007 para R$ 1,16 bilhão em janeiro - em decorrência da elevação da alíquota do tributo de 1,5% para 3,38%, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, está interessado não só no papel arrecadatório do imposto, mas no seu caráter regulatório.

Segundo Mantega, ao optar pela mais que duplicação do IOF para compensar parte da perda da CPMF, ele estaria também, numa só medida, buscando frear a expansão do crédito e, consequentemente, da demanda, num momento em que se discute se a economia está superaquecida e se há inflação de demanda. O ministro acredita que, agora, o crédito não repetirá as elevadas taxas de crescimento dos anos anteriores, entre 25% e 30% ao ano. Não arriscou, porém, a prever qual será a oferta de crédito para consumo este ano.

Segundo Mantega, o aumento dado ao IOF e seu impacto sobre o custo do dinheiro equivaleu a um acréscimo de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, sem que os males que um aumento direto na Selic causariam sobre as intenções de investimentos dos empresários e, portanto, na dinâmica do crescimento econômico. Isso porque além de colocar na alíquota do IOF a tributação de 0,38% perdida com o fim da CPMF, houve a duplicação da taxa diária do tributo, que era de 0,041% e subiu no mês passado para 0,082%.

O efeito do novo IOF foi imediato, ao que tudo indica. Em janeiro houve forte alta na taxa de juros média cobrada pelo sistema bancário nos seus empréstimos, que passou de 33,8% para 37,3% ao ano. Dados ainda preliminares já apontam para outro aumento, de 1,1 ponto percentual este mês.

Mantega acha que dado que a maior tributação funcionará como freio na expansão da oferta de crédito para consumo de pessoas físicas, esse é um elemento que terá que ser considerado pelo Comitê de Política Monetária, na reunião da próxima semana.