Título: Embraer fortalece negócio de serviços
Autor: Nakamura , Patrícia
Fonte: Valor Econômico, 28/02/2008, Empresas, p. B13

A Embraer vai investir US$ 100 milhões neste ano para fortalecer sua área de serviços aeronáuticos em todo o mundo. O orçamento será usado para ampliar o alcance geográfico e o número de serviços prestados - logística, manutenção de aeronaves, treinamento. Tamanho esforço é justificado pelo aumento da frota de jatos comerciais e o ingresso da Embraer no segmento de aviação executiva nos próximos anos. À frota atual de mais de 1,3 mil jatos produzidos pela Embraer (entre comerciais e os jatos executivos Legacy) espalhados em 84 países, serão adicionados pelo menos outras 500 aeronaves até o fim de 2009 (incluindo cerca de 160 jatos da linha Phenom, que entram em operação este ano e que já alcançou mais de 700 unidades comercializadas).

A área de serviços aeronáuticos é a mais recente divisão da Embraer, mas já representa cerca de 10% do faturamento da companhia, que está estimado em US$ 5,2 bilhões no ano passado. Foi criada há pouco mais de um ano, para unificar as estruturas de manutenção de aeronaves, treinamento de pilotos e mecânicos e a distribuição de peças de reposição. Anteriormente, cada divisão da empresa era responsável isoladamente para prestar todos esses serviços.

Quem comanda todas essas atividades sob um único guarda-chuva é o vice-presidente de serviços, Edson Mallaco, que prevê que a área chegue a um faturamento de US$ 1 bilhão até 2012, acompanhando o desempenho de vendas da companhia. Além disso, fica sob responsabilidade da área a produção de peças para aeronaves e serviços de manutenção de produtos de outras fabricantes. "Mas a nossa prioridade é atender ao cliente Embraer)", afirma Mallaco. Das 6,8 mil unidades produzidas pela Embraer até hoje (incluindo os modelos turboélice), apenas os aviões militares não serão atendidos pela divisão de serviços. A área de Defesa e Governo permanece responsável pela manutenção destes produtos.

A divisão também é responsável pelo gerenciamento da Embraer Aircraft Manteinance Services (EAMS), em Nashville, EUA - primeira aquisição da empresa voltada para manutenção de aeronaves -, da portuguesa Ogma, da qual a Embraer possui 65% de participação e do hangar de manutenção em Gavião Peixoto (SP), inaugurado em 2005. Ao todo, são sete unidades próprias e 38 unidades autorizadas.

Os centros de serviço nos Estados Unidos ficarão com a maior parte dos investimentos desse ano, de cerca de US$ 45 milhões. Além de Nashville, as unidades beneficiadas serão as de Fort Lauderdale (Flórida), Mesa (Arizona) e Bradley (Connecticut), construídos para oferecer manutenção de jatos executivos, uma vez que os primeiros Phenom 100 serão entregues naquele país. Os estoques de peças também ganhará reforço, para que o jargão "avião no chão é prejuízo" não vire um pesadelo para empresas como Northwest, JetBlue e Delta, que possuem em suas frotas um grande número de E-jets. No ano passado a Embraer fechou uma parceria com a UPS para a distribuição em todo o território americano.

Ainda nos EUA, serão instalados os primeiros simuladores de vôo para os jatos Phenom. Uma joint-venture formada com a empresa canadense CAE foi formalizada para fornecer treinamento aos pilotos. No ano que vem, um simulador de vôo será instalado na Inglaterra, afirma Mallaco.

O centro de manutenção de Le Bourget (França) contará com um estoque de peças avaliado em US$ 15 milhões de peças para as linhas Legacy e Phenom. O centro de serviços e manutenção de Cingapura também terá sua área de armazenagem de peças de reposição. No ano passado, essa unidade recebeu investimentos de US$ 70 milhões e está apta para fornecer serviços para aviação comercial e treinamento de pilotos da família Embraer 170-190.

Segundo Mallaco, a Embraer não deve investir pesadamente na produção de partes de aeronaves para terceiros. Hoje, mantém um contrato de produção do sistema de combustível H92, da americana Sirorsky. A Embraer já produziu algumas peças do Boeing 777 e flaps para o MD-11.