Título: Economia saudável é trunfo para segunda reeleição de Blair
Autor: James Cooper e Kate Madigan BusinessWeek
Fonte: Valor Econômico, 10/02/2005, Internacional, p. A7

O premiê britânico, Tony Blair, disse que vai colocar a economia no centro do debate quando se candidatar para um terceiro mandato. Há poucos dias, esse plano parecia questionável. Hoje, a estratégia parece mais lógica. A previsão que Blair faz do crescimento da economia britânica para 2005, que segundo ele ficará entre 3% e 3,5%, está acima das expectativas de muitos analistas do mercado. A produção industrial vai mais ou menos, apesar de alguns bons momentos, e o varejo viveu seu pior Natal em quase 20 anos. O medo é de que o consumo possa cair ainda mais, pressionado pelas taxas de juros e pelo fim da bolha de construção civil residencial. Os últimos relatórios, entretanto, servem para acalmar alguns desses temores. O crescimento no quarto trimestre de 2004 foi maior do que o esperado: 0,7% em relação ao terceiro trimestre, que tinha registrado expansão de 0,5% em relação ao trimestre anterior. Anualizado, o crescimento do quarto trimestre equivale a 3%. O crescimento geral do ano foram saudáveis 3,1%, muito acima dos 2,2% de 2003. A força da economia continua concentrada no setor de serviços, que responde por 72% do PIB. Os serviços, puxados por um forte desempenho dos serviços na área financeira e na de negócios, cresceu 1% no último trimestre, ultrapassando a marca de 0,9% do terceiro trimestre em relação ao anterior. A Câmara Britânica de Comércio vem relatando exportações estáveis e fortes, com bons pedidos vindos do quarto trimestre. O resultado do setor de varejo alcançou um ganho de apenas 0,3%, o mais fraco em dois anos. Apesar disso, em janeiro os preços dos imóveis aparentemente se estabilizaram, e não entraram em colapso, como previsto por muitos. E a confiança do consumidor chega a seu mais alto patamar em dois anos. Essas tendências mostram um setor de consumo com maior capacidade de recuperação do que sugeriram os números do "dezembro negro" do varejo britânico. E, além de tudo, o um mercado de trabalho mostra uma recuperação dos salários, que cresceram de 4% a 4,5%, bem acima da inflação medida em dezembro: 1,6%. Como Blair deve convocar eleições para maio, o Tesouro vem mantendo esses dados bastante atualizados. E, embora a economia não esteja tão forte no geral, ela pode muito bem ser politicamente suficiente para o premiê.