Título: Ritmo de aquisições cai nos países desenvolvidos
Autor: Campassi, Roberta
Fonte: Valor Econômico, 29/02/2008, Empresas, p. B3

Dentre as companhias dos países emergentes, as indianas têm sido as mais ativas em realizar fusões e aquisições de empresas em países desenvolvidos. No sentido contrário, os Estados Unidos ainda são os que mais fazem negócios em mercados emergentes, embora a representatividade do país tenha caído devido à crise de crédito que começou em julho de 2007.

Levantamento da firma de auditoria KPMG mostra que as empresas de países emergentes realizaram 62 aquisições ou fusões em países desenvolvidos no segundo semestre de 2007, sendo que, do total, 35 negociações foram encabeçadas por companhias indianas. Na primeira metade do ano, os emergentes haviam realizado 78 transações, sendo a Índia responsável por 34 delas. Os desenvolvidos, por sua vez, fizeram 105 negócios nos emergentes entre julho e dezembro do ano passado. Os Estados Unidos responderam por 39 deles. Os primeiros seis meses de 2007, porém, haviam sido mais agitados: 148 fusões e aquisições no total, sendo 67 delas realizadas por companhias americanas. Só foram considerados os negócios que envolveram aquisição do controle acionário.

A pesquisa mostra que o número de transações no segundo semestre diminuiu para ambos os grupos em meio à crise de crédito - que, por sua vez, é alimentada pelo receio de que a economia americana entre em recessão. A redução do número de fusões e aquisições, entretanto, foi mais acentuada para o grupo dos desenvolvidos - inclui onze países, entre os quais Alemanha, Japão, Reino Unido e Canadá. "Por trás desse fato, está a aversão ao risco, que torna o crédito mais caro e eleva a cautela das companhias no sentido de fazerem aquisições", afirma Luís Motta, sócio de finanças corporativas da KPMG.

Já os emergentes - grupo de dez, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e Emirados Árabes - se inserem num cenário mais positivo. Segundo Motta, as empresas dessas nações estão conseguindo captar recursos a custos mais baixos porque seus países têm conseguido melhores classificações de risco e o mercado de capitais está em desenvolvimento. Além disso, o dólar desvalorizado torna as aquisições no exterior mais baratas. O Brasil aparece na pesquisa com apenas uma aquisição nos países desenvolvidos, enquanto estes fizeram 23 negócios no país.