Título: Chávez manda tropas à fronteira com a Colômbia
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Fonte: Valor Econômico, 03/03/2008, Internacional, p. A11

O presidente venezuelano Hugo Chávez enviou ontem tanques à fronteira com a Colômbia e mobilizou aviões militares, em um aviso ao governo colombiano de que sua recente incursão ao Equador pode se transformar em guerra na região. Tropas colombianas mataram no sábado na fronteira do Equador o segundo homem das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc, Raúl Reyes.

O governo equatoriano é alinhado a Chávez, que decidiu também retirar todos os seus diplomatas de Bogotá, na pior disputa entre os vizinhos desde que ele assumiu o poder, em 1999. "Não vamos permitir que eles (os colombianos) violem a soberania", afirmou Chávez em seu programa semanal de televisão.

A operação da Colômbia contra as Farc no sábado incluíram ataques aéreos e batalhas com os rebeldes na fronteira com o Equador. O anti-americano Chávez, que já havia alertado que uma operação semelhante na Venezuela poderia causar uma guerra, ameaçou enviar aviões militares russos contra a Colômbia, alinhada aos EUA. Até o início da noite de ontem, o governo colombiano não havia reagido às ameças e às ações militares de Chávez. Antes disso, o presidente colombiano Álvaro Uribe havia negado a violação da soberania do Equador, dizendo que a operação foi uma resposta aos ataques que vinham da fronteira.

O governo brasileiro está acompanhando a situação. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, cancelou um almoço de trabalho ontem em São Paulo e antecipou sua volta a Brasília diante da gravidade da situação. Segundo sua assessoria, ele "achou pertinente acompanhar mais atentamente o assunto". Na tarde de ontem, Amorim manteve contatos telefônicos com vários chanceleres da América Latina, entre eles os da Colômbia, Fernando Araújo, e do Equador, María Isabel Salvador Crespo. Amorim ainda tentava um contato com o chanceler venezuelano Nicolás Maduro.

Ontem, o Equador anunciou que também estava retirando seu embaixador de Bogotá em protesto ao ataque contra as Farc. O governo americano informou que está monitorando a situação. (Colaborou Mauro Zanatta, de Brasília)