Título: ISA planeja triplicar faturamento na região em dez anos
Autor: Capela , Maurício
Fonte: Valor Econômico, 03/03/2008, Empresas, p. B6

Luis Alarcón, CEO da ISA, aposta na diversificação dos negócios, como concessão de rodovias, e no crescimento no Brasil À mesa de Luis Fernando Alarcón, o principal executivo da multinacional colombiana de linhas de transmissão de energia ISA, repousa um dos mais ousados planos estratégicos que a empresa já desenhou para si. Nele, há metas claras de faturamento, de investimento, de novos negócios - como concessão de rodovias - e de investimentos em outros países da região latino-americana que a ISA determinou como prioritários até 2016. No Brasil, hoje, o grupo controla a Cia. de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), privatizada em 2006, e algumas linhas recém-adquiridas nos leilões do governo federal.

Alarcón, inclusive, adota um estilo bastante direto quando fala sobre as metas do grupo para esta década e não esconde que uma das principais é elevar a atual receita anual de US$ 1,3 bilhão para US$ 3,5 bilhões até 2016. Outra é colocar um pé no Chile, aumentar sua exposição no Brasil e aproveitar oportunidades na América Central, onde detém 12,5% da Transmissão Centro-Americana. Essa transmissora, que ainda tem como sócia a espanhola Endesa, busca oportunidades de investimento em linhas de transmissão do Panamá a Guatemala. "A nossa vocação é participar dos mercados da região", conta Alárcon ao Valor.

Hoje, com presença no Peru e Bolívia, além de Brasil e Colômbia, a ISA é dona de 37,4 mil quilômetros de linhas de transmissão de energia, sendo que no Brasil são 12,1 mil quilômetros. E toda essa participação a torna um dos maiores grupos neste setor na América Latina.

"A ISA fez um belo trabalho aqui na CTEEP. Cortou custos, até mais do que o mercado imaginava, e tornou a companhia mais lucrativa", afirma Pedro Batista, analista do UBS Pactual.

Mas o executivo da ISA sabe que para alcançar essas metas será necessário despejar um volume de recursos que se aproxima de US$ 500 milhões por ano. E apostar também em novos negócios. Um dos alvos da empresa neste momento é a concessão de rodovias. Segundo o executivo, a companhia tem olhado algumas oportunidades na Colômbia, mas não descarta também colocar o pé neste setor no Brasil em alguns anos. "Por ser uma atividade nova, vamos observar primeiro na Colômbia", garante.

Só que o interesse repentino em rodovias esconde, na verdade, um plano maior da ISA, que almeja se tornar uma empresa de transportes. Em outras palavras, o principal executivo do grupo colombiano afirmou que não é só a concessão de rodovias que está na mira, há também o desejo de transportar gás natural, dados, além de energia. "Mas as linhas de transmissão de energia serão o nosso carro-chefe", afirma o executivo.

A julgar pelas projeções para daqui dez anos, é fato que o negócio de energia ainda dominará a maior parcela da receita. Segundo o plano estratégico, quando a ISA estiver faturando US$ 3,5 bilhões, perto de 80% dessa receita ainda sairá da energia e os 20% restantes se dividirão pelos demais negócios. Hoje, a energia fica com 97% e a transmissão de dados com 3%.

No entanto, somente ampliar o leque de atividades não fará com que a ISA alcance essa receita futura. Será preciso também crescer nos mercados onde já possui atividades de linhas de transmissão. É o caso do Brasil, por exemplo.

Segundo dados atuais, o país detém hoje uma fatia de 57% no faturamento anual da multinacional colombiana. É maior que as operações da empresa no seu próprio país, que representam 35%. Depois, surge a Bolívia com 1% e o Peru com o restante.

Para Alarcón, o Brasil tem essa relevância, porque há boas oportunidades. Tanto que considera que o setor de linhas de transmissão no país deverá passar por um grande movimento de consolidação. Essa, inclusive, é uma avaliação corrente no mercado. Isso, porque nos leilões de linhas do governo federal houve uma forte participação de construtoras, que certamente após o fim da obra deverão negociar esses ativos.

"O Brasil é um grande mercado na América do Sul e caso não haja nenhum movimento extraordinário na região, certamente o país manterá sua relevância na ISA", avalia José Sidnei Colombo Martini, presidente da CTEEP, ao Valor.