Título: Nova siderúrgica da Vale no Pará pode ser em Barcarena ou Espadarte
Autor: Junqueira, Caio ;Saavedra Durão, Vera
Fonte: Valor Econômico, 03/03/2008, Empresas, p. B6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a governadora do Pará Ana Júlia Carepa e o presidente da Vale, Roger Agnelli, devem se reunir na manhã de hoje para acertar os últimos detalhes da instalação da siderúrgica que a empresa pretende construir no Pará. A Vale exige algumas contrapartidas dos governos federal e estadual para tocar o empreendimento, como a construção do porto de Espadarte - localizado no município de Curuçá, a 130 km de Belém (PA) - e a extensão da ferrovia Norte-Sul até o porto, além da conclusão da ampliação da usina de Tucuruí. Especula-se que a indiana Tata Steelseja a sócia estratégica da Vale na siderúrgica.

Segundo apurou o Valor, a construção da siderúrgica no Pará, antes mesmo de ter seu investimento oficializado, já consta da lista de investimentos da Vale como uma planta a entrar em operação em 2011. A capacidade da nova usina de placas de aço será de 2,5 milhões a 5 milhões de toneladas, mas o valor do investimento não está definido.

Agnelli mostra entusiasmo com o empreendimento, que vem sendo acertado com o governo do Pará. E adianta que o investimento na siderúrgica não contempla recursos em logística. "Ou o investimento de logística é dado pelo governo, ou não tem investimento, porque economicamente não há como viabilizar."

Segundo o presidente da Vale, o local ainda não foi escolhido. Há possibilidades, como a Vila do Conde em Barcarena ou o porto do Espadarte. "Tem algumas opções, mas tem que ser porto de água profunda. Este que é o ponto", diz. Para Agnelli, a viabilização da logística, que seria a hidrovia e o porto, não vai servir somente à siderúrgica, mas também ajudará a levar outras iniciativas, como uma unidade de celulose à região.

O executivo explica que, na região de Marabá, existe uma série de guseiros que produzem e queimam o carvão vegetal. "Se você tem a logística adequada, você pode subir com o carvão mineral e parar de queimar carvão ambiental", acredita. Para ele, haverá vantagens significativas no aspecto ambiental e de desenvolvimento regional. "Normalmente, o investimento vai atrás de onde você já tem a infra-estrutura. Então, se fizermos o porto e a hidrovia, não é só o investimento da siderúrgica que está em jogo. Outros investimentos mais poderão vir", afirma.

Quanto ao sócio estratégico da siderúrgica, que seria o sócio privado controlador do negócio, já que Vale e BNDES serão minoritários, Agnelli desconversou. Disse que já estavam conversando com várias empresas, inclusive a Tata. "A gente tem mostrado que o Brasil tem condições de ter mais usinas siderúrgicas do que tem hoje e já conseguimos emplacar quatro novos investimentos. O terceiro alto-forno da CST, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) com a Thyssen, o investimento com a BaoSteel no Espírito Santo e a siderúrgica com a DongKuk no Ceará. Agora, estamos vendo se podemos ter o quinto projeto", diz.