Título: Empresas elevam investimentos em genética de suínos
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 03/03/2008, Agronegócios, p. B12

A previsão de aumento da produção nacional de suínos e os investimentos programados em novos frigoríficos aqueceu o mercado de genética de suínos. Algumas das principais empresas do setor dobraram as vendas no primeiro bimestre e planejam ampliar a oferta de animais reprodutores.

Agroceres Pic, Genetiporc e DB-DanBred, empresas sediadas no Brasil, em parceria com capital estrangeiro, esperam elevação do faturamento. "O mercado está superaquecido. Além da possibilidade de abertura de novos países compradores (como o Japão) da carne suína brasileira, existe perspectiva de aumento da demanda no mercado interno, pelo aumento da renda no país", diz Werner Meincke, diretor técnico da Genetiporc do Brasil, com sede no Paraná.

Meincke ainda cita como efeitos positivos para o setor o avanço de grupos tradicionais em bovinos na suinocultura, como a recente aquisição da Carroll's Food do Brasil pelo Marfrig, que deve aquecer a demanda por material genético.

Segundo pesquisa da Embrapa Suínos e Aves, realizada junto com a Associação Brasileira de Indústrias Processadoras e Exportadoras de Carne Suína (Abipecs), a produção de suínos deve crescer 3,5% em 2008. O rebanho industrial suíno está previsto para alcançar 33,2 milhões de cabeças contra 32 milhões em 2007. Em toneladas, a previsão é sair de 3 milhões de toneladas para 3,1 milhões em 2008.

No setor, há agroindústrias expandindo as operações de suínos, impulsionadas por novos mercados no exterior, sobretudo, para a carne produzida em Santa Catarina, considerado área livre de febre aftosa sem vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Há negociações com Chile, Japão e China. A Sadia já informou que pretende construir uma nova planta no Estado. Estima-se um investimento de R$ 600 milhões, com foco no abate de suínos.

De olho neste cenário, a Genetiporc deverá expandir suas operações em 2008. A intenção é ampliar em 3 mil o volume de produção de avós - animais que darão origem a fêmeas matrizes que, por sua vez, produzirão os leitões que vão para o abate. Segundo ele, a média anual de ampliação da Genetiporc era de 1 mil avós até 2007. Com a conjuntura positiva, a empresa busca parceiros multiplicadores no Rio Grande do Sul e Santa Catarina e reforça as parcerias existentes, com investimentos de R$ 13 milhões. Para se ter idéia do crescimento, cada mil avós gera uma oferta de cerca de 16 mil fêmeas comerciais no mercado. Hoje, a Genetiporc possui 8 mil avós.

"Optamos pelo crescimento com parceiros porque essa é uma forma de fazermos os investimentos mais rápidos", diz Meincke. O parceiro é dono da granja e faz o investimento no imobilizado enquanto a Genetiporc faz a comercialização. A empresa espera crescer entre 30% e 35% no faturamento em 2008 em relação a 2007.

Fernando Pereira, diretor-superintendente da Agroceres Pic, diz que as indústrias estão mais animadas. "Há investimentos em novas plantas, aumento do número de granjas integradas e projeções de abertura de novos mercados". Ele lembra que em 2008 o setor prevê bater as exportações de 2005, um dos melhores anos para a suinocultura do país, chegando a 655 mil toneladas. O volume seria 8% maior do que as 606 mil toneladas de 2007 e 5% maior do que as 625 mil toneladas de 2005.

A Agroceres Pic não fala sobre investimentos, mas diz que quer ampliar sua participação de mercado. Hoje ela é líder do setor, com 42% de market share nas fêmeas e 55% nas linhas macho. A projeção é de expansão de ao menos 7% do faturamento em 2008. "A produção de suínos ficou estabilizada entre 2006 e 2007 e há hoje um conjunto de fatores favoráveis".

Mário Pires, gerente administrativo e comercial da DB-DanBred, diz que a empresa sente a alta da demanda por material genético. Por isso, planeja um "ambicioso aumento do número de avós", de cerca de 30% em 2008. Hoje, a DB-Dan Bred possui 16 mil avós e busca parceiros multiplicadores sobretudo no sul do país. Os investimentos no ano ficarão em torno de R$ 20 milhões, incluindo os recursos de parceiros. A previsão é de aumento de 20% no faturamento.