Título: EDP e Cemig unem forças em geração
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 06/03/2008, Empresas, p. B1

A Energias do Brasil, holding do grupo português EDP e controladora de ativos de comercialização, geração e distribuição no país, vai aumentar suas apostas na produção de megawatts (MW) por aqui. Recentemente, a companhia firmou parcerias com um punhado de jogadores do setor elétrico no país, além de algumas construtoras, e iniciou estudos de viabilidade de usinas hidrelétricas e eólicas. São, portanto, 2 mil MW em prospecção, que poderão resultar em investimentos de US$ 4,5 bilhões.

António Pita de Abreu, presidente da holding, explica que desse montante 500 MW são de fonte eólica e o restante é hidrelétrico. "Cada MW de eólica instalado demanda investimento de US$ 2 milhões e de fonte hídrica aproxima-se de R$ 4 milhões", conta o executivo ao Valor.

Os números ainda poderão sofrer alterações no decorrer dos estudos. Mas a previsão é que todos esses projetos vão exigir dois anos de pesquisa. A parte que cabe à Energias do Brasil prevê desembolso de R$ 18 milhões para a realização dos levantamentos.

Pita de Abreu revela também que a companhia firmou acordos com a estatais Cemig e Eletronorte, além das construtoras Engevix, Andrade Gutierrez e a Concremat Engenharia. E são esses acordos que abrigam os 2 mil MW que hoje estão no horizonte dessa holding, que já possui um parque gerador de 1,043 mil MW.

De todos as negociações, o laço maior é com a estatal mineira Cemig. Segundo o contrato atual, juntas, as companhias são responsáveis por estudar a viabilidade de erguer um parque eólico de 500 MW no Estado do Espírito Santo e de viabilizar 360 MW de hidrelétricas em Minas Gerais.

Hoje, o executivo considera difícil definir quantas usinas seriam necessárias ser construídas para alcançar o tamanho do potencial, porque a prospecção está em fase inicial. Mas mesmo assim arrisca um palpite. "Calculo que existam seis hidrelétricas de médio porte e uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH) em Minas Gerais", conta Pita de Abreu.

Contudo, a parceria com a Cemig não se limita a esta empreitada. Juntas, as companhias, ao lado de Andrade Gutierrez e Concremat, vão estudar a possibilidade de construir hidrelétricas que somem 674,4 MW também em Minas Gerais. A diferença entre este contrato e o anterior é que as construtoras terão o direito de cuidar das obras civis dessas futuras usinas. "A Andrade Gutierrez e a Concremat possuíam o inventário desses 674 MW. Mas nossa sociedade com a Cemig é igual nos dois casos, ou seja, temos 51% dos projetos e 49% pertencem ao grupo mineiro", conta o executivo.

Essa investida em geração do grupo português no Brasil ainda conta com a estatal Eletronorte e com a Engevix. A primeira selou um acordo com a Energias do Brasil para prospectar 240 MW no rio Tocantins. Já com a Engevix há três hidrelétricas, que poderão gerar 260 MW, no Estado do Mato Grosso do Sul.

A julgar por essas iniciativas e pelas últimas tacadas do grupo - como a constituição da Enernova, braço que vai agrupar investimentos em PCHs, biomassa e eólicas - fica claro que o alvo da Energias do Brasil é aumentar sua receita em geração. Segundo o balanço de 2007, o Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações (Lajida) teve 38% atrelado à geração. O restante decorre da distribuição e da comercialização do insumo.

No ano passado, o Lajida da Energias do Brasil foi de R$ 1,12 bilhão, 4,6% maior que o registrado em 2007. A receita líquida também subiu entre um ano e outro, algo como 13%, alcançando R$ 4,5 bilhões em 2007.

O lucro líquido também cresceu em 2007. Foi algo como 12%, encerrando em R$ 439,7 milhões. E todos esses resultados refletiram o volume de energia vendida em 2007, que foi 17% maior, além do aumento do parque gerador.