Título: Opep e estoques dos EUA levam barril a US$ 104,52
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 06/03/2008, Empresas, p. B7

Os reflexos da reunião da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep), aliados aos dados de queda nos estoques dos Estados Unidos, fizeram com que as cotações do petróleo tipos WTI e Brent fechassem em alta mais uma vez durante o pregão de ontem em Londres e Nova York.

No caso do barril de WTI para abril, o preço avançou 5,1%, encerrando a quarta-feira cotado a US$ 104,52. O vencimento de maio aumentou US$ 4,72, saindo a US$ 103,69. Os dados divulgados nos EUA apontaram um declínio inesperado de 3,1 milhões de barris nos níveis de petróleo cru na semana passada. A expectativa de muitos analistas era de aumento. Mesmo com a queda nos estoques, o Departamento de Energia americano amenizou a situação ao informar que mesmo com a diminuição de 1%, as reservas do petróleo cru estão dentro da média para a época.

Nesse contexto, os conflitos envolvendo Venezuela e Equador - produtores de petróleo - e a Colômbia adquiriram importância suficiente para também influenciar os negócios com a commodity durante a quarta-feira. Os investidores reagem com nervosismo a qualquer notícia que possa significar abalo na produção.

Na cotação do barril tipo Brent, referência na Europa, a reunião da Opep em Viena influenciou a alta de US$ 4,12 no contrato de abril, que terminou o dia cotado a US$ 101,64. Já o contrato de maio marcou US$ 101,24, com acréscimo de US$ 4,01. A Opep concordou em manter suas cotas de produção inalteradas durante a reunião de ontem. O resultado já era previsto, após 10 membros da organização, entre os quais o Irã e a Venezuela, terem dito anteriormente que a produção não mudaria. O ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, que define as políticas do setor para seu país, que é o maior exportador mundial da commodity, disse que a oferta e a procura estão estáveis.

"Manter a produção igual permite uma maior flexibilidade para a Opep no futuro, uma vez que eles poderão reduzi-la se o preço cair", afirmou Johannes Benigni, diretor-executivo da JBC Energy, sediada em Viena. Segundo ele, os preços poderão recuar durante as próximas semanas devido à "redução do consumo de gasolina nos Estados Unidos".

O preço do barril de petróleo WTI já havia alcançado recorde nesta semana, de US$ 103,95, enfraquecendo o argumento em favor de um corte na produção como forma de proteção contra a queda na demanda do segundo trimestre, num momento em que a economia norte-americana desacelera e a temporada de uso intensivo de óleo para calefação se encerra. A Opep, que fornece mais de 40% do petróleo mundial, poderá anunciar uma próxima reunião para maio ou junho, disseram os ministros.

A cota máxima de produção para 12 dos 13 membros da Opep é de 29,67 milhões de barris por dia.