Título: Cyrela coloca em operação sua quarta empresa para baixa renda
Autor: Boechat, Yan
Fonte: Valor Econômico, 06/03/2008, Empresas, p. B8

Anna Carolina Negri / Valor Ricardo Luna, diretor da Cytec: "Temos todo o apoio da Cyrela para sermos a maior empresa de baixa renda do Brasil" Sem ter uma empresa própria para atuar exclusivamente no segmento de baixa renda, a Cyrela vem reforçando sua estratégia de criar joint-ventures para atacar as concorrentes, que crescem na mesma rapidez que o crédito imobiliário se espalha entre as camadas mais pobres da população. Neste mês começa a operar de fato uma uma nova aposta da companhia, a Cytec, criada em parceria com dois sócios da Tecnum, que já prestavam serviços à Cyrela há alguns anos

Voltada exclusivamente para a baixa renda, a Cytec pertence quase integralmente à Cyrela - 25% das ações ficaram com os donos da Tecnum. Apesar de não revelar quanto está investindo em sua nova cria, a Cyrela tem planos ambiciosos para sua nova cria. Só no primeiro ano de operação, a Cytec deve lançar R$ 700 milhões em casas e apartamentos com preços de até R$ 150 mil. "Não pretendemos fazer nenhuma operação de dívida para crescer, não temos problema de capital", diz Ricardo Luna, diretor de incorporações da Cytec, que sempre atuará junto com a Living, a marca da Cyrela para baixa renda. "Os planos são ambiciosos, estamos nascendo para lutar pela liderança desse segmento", diz o executivo.

A Cytec junta-se a outras três empresas da Cyrela voltadas exclusivamente para o segmento de baixa renda com atuação primordial no Estado de São Paulo. A companhia também tem o controle da Plano e Plano (79% das ações), da Consima (80% das ações) e da Cury (50% das ações). Apesar de atuarem em segmentos distintos sob a ótica da Cyrela, o fato é que as três, e agora a Cytec, concorrem entre si. Todas estão voltadas, com produtos levemente distintos, para a emergente Classe C, que se tornou um dos principais alvos das incorporadores desde o ano passado.

A estratégia da Cyrela de operar com diferentes empresas para atuar em um mesmo mercado tem dado resultado, ao menos no que diz respeito ao volume de lançamentos da companhia. No acumulado dos nove primeiros meses do ano foram colocados no mercado R$ 308 milhões em casas e apartamentos sob a marca Living. Isso inclui os lançamentos que a própria Cyrela fez, algo como 30% desse total, o equivalente a sua participação em suas empresas independentes. A Rossi e a Gafisa, empresas que junto com a Cyrela compõem o grupo das três grandes do setor no país, tiveram menos lançamentos em todo o ano de 2007 no segmento econômico.

Mesmo com operações tão descentralizadas, a Cyrela não pretende unificar suas crias voltadas para a baixa renda. "Não temos a menor intenção de fazer isso, a Living já é o guarda-chuva que coordena essas operações e a coisa está funcionando.", diz Antônio Guedes, diretor de novos negócios da Cyrela.

O grande desafio da companhia parece ser administrar o ímpeto de seus parceiros. Ricardo Luna, da Cytec, "Não colocamos freios nas operações, quem estiver crescendo receberá nosso apoio", diz Guedes. "Mas tudo é feito com o pé no chão, sempre com muito cuidado". A Cytec, por exemplo, quer se expandir nacionalmente no ano que vem. Mas deve enfrentar problemas para atuar nos estados onde a Cyrela tem parcerias. "Temos acordos já estabelecidos e não podemos viola-los", diz Guedes.