Título: Área nova para cana em estudo
Autor: Scaramuzzo, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 06/03/2008, Agronegócios, p. B13

O governo federal diz ter pressa para concluir o zoneamento para a produção e expansão de cana-de-açúcar no Brasil sem avançar no bioma amazônico e na região do Pantanal. "Boa parte dos Estados quer logo uma definição para aprovar os novos projetos de usinas", disse Cid Caldas, coordenador de açúcar e álcool do Ministério da Agricultura.

Os Estados do Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais são os que mais estão recebendo investimentos para expansão de novas usinas no país. Mas precisam da definição do zoneamento para limitar o plantio em áreas consideradas de risco. O governo decidiu mapear a expansão da cana para evitar acusações de agressão ambiental e reduzir a pressão sobre áreas dedicadas à produção de alimentos. A medida também incluirá uma certificação socioambiental obrigatória de lavouras de cana e de usinas sucroalcooleiras. O prazo para a conclusão deste zoneamento será em julho e não deverá ser prorrogado, disse Caldas.

A expansão da cana ocorrerá basicamente em áreas de sequeiro. Ou seja, regiões que exigem irrigação deverão ser excluídas, afirmou Caldas. Além das regiões do bioma amazônico e pantanal, áreas com clima e solo inadequados à cultura também deverão ser riscadas deste novo mapeamento.

Atualmente, a cana ocupa uma área de 7 milhões de hectares e deverá atingir quase 17 milhões até 2025, segundo estimativas da consultoria Datagro. Segundo Plínio Nastari, a expansão do setor é sustentada pela maior demanda por álcool no mercado interno, estimulada pelas vendas de carros flexfuel, e deverá ganhar suporte também pelas importações dos EUA. "A partir de 2015, os americanos deverão buscar etanol de outros mercados", disse. Nastari acredita que os EUA esgotarão nos próximos sete anos seus recursos para produção própria de etanol à base de milho para depois recorrer ao mercado internacional.

De acordo com Christopher Berg, diretor da consultoria alemã F.O.Licht, a produção mundial de álcool nesta próxima safra está prevista entre 70 a 75 bilhões de litros, com um consumo global entre 60 a 62 bilhões de litros. O Brasil deverá exportar 4 bilhões de litros, alta de 14,2% sobre o ciclo anterior. Deste total, metade deverá ser embarcado para os EUA. A União Européia comprará cerca de 1,2 bilhão de litros. Para o mercado global de açúcar, que cresce 3% ao ano, as consultorias não prevêem surpresas. Atualmente, os preços estão firmes, impulsionados por movimentos de fundos nas bolsas.