Título: Companhias poderão manter aviões mais tempo no solo
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 04/03/2008, Brasil, p. A2

A Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero) vai recomendar às companhias aéreas que aumentem a margem de tempo de permanência dos aviões no solo. Atualmente o tempo das aeronaves no solo, autorizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), é em torno de 20 minutos entre o pouso e uma nova decolagem.

De acordo com o presidente da Infraero, Sergio Gaudenzi, esse tempo de 20 minutos é fisicamente impossível e acaba gerando uma seqüência cumulativa de atrasos, que prejudicam os passageiros que estão nos outros pontos da rota daquele avião. "No fim não vai haver menos vôo ao longo do dia, vai haver a mesma quantidade, mas com uma perspectiva real do horário de saída. Hoje, o tíquete indica um horário de decolagem que não é cumprido", disse o presidente da Infraero.

A proposta vai sugerir 45 minutos no solo nos grande aeroportos como Guarulhos, Galeão e Brasília, cerca de 40 minutos para aeroportos de médio porte e 30 minutos para aeroportos pequenos. A proposta foi apresentada ontem para o Ministério da Defesa, e em janeiro já havia sido apresentada para a Anac. Ainda este mês, segundo Gaudenzi, deverá ser discutida com as companhias aéreas.

Ontem, Gaudenzi anunciou também que o Núcleo de Acompanhamento e Gestão Operacional (Nago), criado pela Infraero para reduzir o número de atrasos em vôos durante a Operação Verão, vai se tornar permanente. Durante a Operação Verão, de novembro a fevereiro, os atrasos de mais de uma hora foram reduzidos de 17%, em 2006, para 6%.

A criação de um núcleo permanente prevê a instalação de uma central em cada grande aeroporto e na sede, no prédio da Infraero em Brasília. O Nago faz um acompanhamento dos vôos e do movimento nos aeroportos, de modo a identificar situações de atraso com maior rapidez e precisão.

De acordo com Gaudenzi, na sede poderão ser acompanhadas imagens das câmeras de todos os aeroportos, a fim de identificar problemas em filas de check-in, por exemplo. O objetivo é que até 2009 já estejam em funcionamento os centros operacionais dos aeroportos de Guarulhos (SP), Galeão (RJ) e Juscelino Kubitschek (DF), ao preço de aproximadamente R$ 50 milhões, cada.

Gaudenzi acrescentou que essa verba não deverá vir da abertura de capital que está sendo proposta para a Infraero. "Não se faz a abertura de capital de uma empresa em menos de dois anos, dois anos e meio. Temos que preparar a empresa para isso."