Título: Mineradora fará siderúrgica de R$ 5 bi no Pará
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 04/03/2008, Empresas, p. B8

A Vale do Rio Doce e o governo do Pará comunicaram oficialmente ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião no Palácio do Planalto, a intenção de construir uma nova usina siderúrgica no Estado, possivelmente na cidade de Marabá, a 440 quilômetros da capital Belém.

A idéia é que a siderúrgica, com capacidade para produzir 2,5 milhões de toneladas atuais, entre em funcionamento em meados do ano que vem - ainda durante o mandato de Lula e a tempo de ser colocada no programa de reeleição da governadora Ana Júlia Carepa (PT). "O presidente Lula bateu ontem o martelo sobre a obra", declarou a governadora.

A maior parte dos investimentos virá da própria companhia. As estimativas são de R$ 5 bilhões de recursos vindos da Vale e outros R$ 1,5 bilhão em investimentos públicos, a maior parte deles já previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como a construção das eclusas do Tucuruí e o porto de Vila do Conde. Além destes montante, outros R$ 500 milhões devem ser de recursos novos, mas a governadora Ana Júlia não especificou quando eles estarão disponíveis.

A petista espera que a parceria traga ainda novos investimentos da siderúrgica. Pelos cálculos dela, outros R$ 500 milhões poderão ser investidos pela companhia em projetos de inovação tecnológica, recursos humanos e formação técnica. "É o Estado em que a Vale mais tem investimentos", fez questão de enfatizar a governadora.

De acordo com pessoas que acompanharam o encontro, uma das principais preocupações da Vale é transformar essa nova siderúrgica em um vetor de desenvolvimento regional. Além da própria empresa de produção de aço, esse complexo seria composto de uma hidrovia e de um porto com capacidade para escoamento de produção.

Além do porto de Vila do Conde, outras alternativas serão estudadas, em busca de locais com capacidade para chegada e partida de navios maiores. Os estudos preliminares - que incluem o projeto da nova siderúrgica e os custos com os estudos de impacto ambiental - ficarão em torno de R$ 25 milhões.

A governadora falou ainda sobre a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) obrigando a Vale a ressarcir os cofres públicos dos impostos relativos à extração de minério. Segundo o STJ, a empresa deve pagar R$ 650 milhões de impostos à União, Estados e municípios e que atua. Nenhum executivo da empresa se manifestou após o encontro de ontem.

O sonho de a Vale ter uma siderúrgica no Pará é antigo projeto de vários governadores do Estado. Mas a relações entre o governo e a empresa ficaram estremecidas no passado quando a mineradora anunciou sua intenção de erguer uma usina de aço no vizinho Maranhão. O projeto está parado, mas a Vale mantém os planos.