Título: Previ tem lucro recorde de R$ 18 bi e retorno de 37%
Autor: Vieira, Catherine
Fonte: Valor Econômico, 04/03/2008, Finanças, p. C3

O superávit de R$ 18 bilhões apurado em 2007 representa um recorde para a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil e maior do país. O resultado, que elevou o superávit total acumulado para R$ 52,93 bilhões, foi obtido principalmente com ganhos da carteira de renda variável, de R$ 90 bilhões em um patrimônio total de R$ 138 bilhões do fundo, e rendeu 50,94% em 2007. Com isso, os ganhos totais da Previ fecharam o ano passado em 37,08%, percentual que é também recorde.

Nesse cenário, o fundo pretende tentar renegociar, junto à Secretaria de Previdência Complementar (SPC) e ao Conselho Monetário Nacional (CMN) os termos do plano de enquadramento acordado em 2004, pelo qual a Previ deveria chegar, em 2012, ao percentual de 50% alocado em renda variável, que é o limite admitido pela legislação básica do setor. Os cinco anos de mercado de ações em alta valorizaram a carteira e dificultam a redução do percentual em relação ao total. Apesar de ter feito vendas líquidas de ações e cotas de fundos de ações de cerca de R$ 6 bilhões no ano passado, a Previ continuou com cerca de 65% da carteira alocada em renda variável. Para este ano, a meta é vender outros R$ 5 bilhões e tentar atingir o patamar de 60%.

"Queremos abrir uma discussão sobre essa questão do enquadramento, também porque acelerar além da conta a venda de ações pode trazer vários impactos indesejáveis", disse o presidente da Previ, Sérgio Rosa, ontem, após divulgar os resultados do fundo. Segundo ele, uma resolução do ano passado do CMN já prevê uma flexibilidade para os fundos superavitários nos quais exista um equilíbrio, ou seja, nos quais essa sobra possa cobrir 100% das necessidades do fundo como se a carteira estivesse enquadrada aos limites previstos. Porém, a regra, segundo Rosa, não seria válida para aqueles que já tivessem acordado planos de enquadramento, como é o caso da Previ.

Com os superávits, a fundação já suspendeu em 2007 as contribuições dos participantes do principal plano e também reduziu a taxa de juro atuarial (premissa usada para cálculos) de 6% para 5,75%, um percentual mais conservador.

No ano passado, as maiores vendas de ações do fundo, de acordo com o diretor de investimentos, José Reinaldo Magalhães, foram Arcelor, devido ao fechamento de capital, e as vendas feitas em ofertas secundárias de Usiminas, Embraer e BB. Já as principais rentabilidades vieram de participações na Vale do Rio Doce e Petrobras.

A carteira de imóveis obteve ganho geral de 16,6%, tendo sido impulsionada por renda de locações e também pela participação em shoppings nos quais a Previ detém participações. Segundo o presidente do fundo, a carteira imobiliária hoje é de R$ 2,9 bilhões. Já a renda fixa, segmento no qual estão alocados R$ 41,2 bilhões, cerca de 30% do total de ativos, rendeu 17,18% no ano passado em função da estratégia de alongamento da carteira de títulos.

Pelas previsões de Rosa, o atual tamanho do fundo convertido para dólares pode colocar a Previ entre os 30 ou 40 maiores em âmbito global. "Estávamos em 49º lugar no ranking feito por uma publicação internacional em setembro do ano passado, mas pelas nossas contas, na próxima atualização podemos dar um salto e quem sabe ficar entre os 30 maiores", disse.