Título: Petrobras investiu menos no exterior e tem prejuízo de R$ 1 bilhão em 2007
Autor: Schüffner , Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 05/03/2008, Empresas, p. B8

Com orçamento de R$ 7,07 bilhões previsto para 2007 e atuando em 27 países, a área internacional da Petrobras investiu R$ 6,57 bilhões no exterior no ano passado. Traduzido para reais, o valor é 8% menor que os investimentos do ano anterior, que ficaram em R$ 7,16 bilhões.

Contudo, o diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, Almir Barbassa, explicou que os investimentos ficaram em linha com os do ano anterior. "O investimento não foi menor, mas medido em dólares e traduzido para o real, parece que sim. Na verdade, ficou quase a mesma coisa", afirma.

Do total investido pela Petrobras no ano passado, US$ 600 milhões foram destinados à aquisição de duas novas sondas de perfuração adaptadas para operar em águas ultraprofundas, de até 3 mil metros de lâmina d'água, que estão sendo construídas na Coréia. Outros US$ 600 milhões foram aplicados na Argentina pela controlada Petrobras Energía S/A (Pesa), que por sua vez vendeu para a Petrobras ativos no Peru por US$ 423,3 milhões.

O desenvolvimento da produção dos campos de Akpo e Agbami, na Nigéria, onde a Petrobras tem participação minoritária, recebeu outros US$ 550 milhões. Os dois campos começam a produzir petróleo leve em 2008. Entre as aquisições anunciadas pela estatal no ano passado está uma refinaria em Okinawa, no Japão, adquirida por US$ 50 milhões e onde a Petrobras se tornou sócia da Sumitomo. Contudo esse valor ainda não foi desembolsado e por isso não consta nos investimentos da área internacional.

Nos Estados Unidos a companhia adquiriu 60 blocos exploratórios no golfo do México por US$ 137 milhões. Do total investido pela área internacional no ano passado, a maior parte, equivalente a 88% do total, foi destinada à exploração e produção de petróleo. Outros R$ 451 milhões (7%), ao abastecimento, sendo o restante dividido pelos demais segmentos.

Os investimentos bilionários não trouxeram lucro no passado, ao contrário. A área internacional da Petrobras registrou um prejuízo de R$ 1 bilhão no ano passado, revertendo o lucro de R$ 350 milhões do ano anterior. Em linhas gerais, 30% do prejuízo se deveu a efeitos do risco político advindos de sua internacionalização, sendo os 70% restantes resultado do risco exploratório naturalmente assumido por essa indústria, frisou Barbassa.

Parte do prejuízo foi causado pela mudança de regras no Equador, que elevou unilateralmente os royalties incidentes sobre a venda do petróleo produzido no país no ano passado, de 50% para 99%. Por causa dessa mudança, a estatal registrou perdas de R$ 309 milhões naquele país. A política agressiva do governo do presidente do Equador, Rafael Corrêa, levou todas as petrolíferas a renegociarem os contratos.

As atividades de exploração no exterior exigiram R$ 440 milhões, dos quais uma parte destinada à aquisição de dados e sísmica destacando a Turquia, Angola, Irã e Argentina. Também são destaque despesas de R$ 495 milhões devido à baixa de poços secos nos EUA e Colômbia. Antes listados como recuperáveis, eles tiveram seu valor zerado em 2007. Nos EUA, parte disso foi provocada pela baixa