Título: BNDES empresta R$ 227 milhões ao grupo Schincariol
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 10/02/2005, Empresas &, p. B7

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 227,8 milhões para duas fábricas que cervejaria Schincariol está instalando, uma Rio Grande do Sul e outra no Pará. Do investimento total de R$ 441,6 milhões, o grupo, com sede em Itu (SP), vai aportar a diferença R$ 213,8 milhões. Segundo cálculos da própria companhia, as duas fábricas vão permitir que o grupo amplie sua fatia no mercado brasileiro de cerveja de 16% para 20% até 2006, informou o diretor de planejamento, José Domingos Francischinelli ao Valor. A Schincariol é a segunda colocada do setor, atrás da AmBev. A empresa não não reconhece os dados da consultoria AC Nielsen sobre o mercado, preferindo utilizar uma metodologia elaborada pela consultoria Trevisan. Os recursos do BNDES serão divididos entre as duas unidades e repassados indiretamente pelo Bradesco, líder de um consórcio de agentes financeiros formado pelos bancos Itaú BBA, Unibanco e Banco do Brasil. Do total liberado pelo banco, R$ 105,5 milhões vai para a unidade de Igrejinha (RS), orçada em R$ 212,3 milhões, a ser inaugurada oficialmente no fim deste mês. A outra parcela, de R$ 106,8 milhões, irá para a SchinNorte-Nordeste S/A construir a unidade de Benevides (PA), que exigirá R$ 229,4 milhões. As obras estão em fase de terraplenagem e a previsão é que a fábrica entre em operação em junho deste ano. Cada uma das fábricas terá capacidade instalada de 1,5 milhão de hectolitros de cerveja, 500 mil hectolitros de refrigerante e 175 mil de água mineral por ano, aumentando a capacidade instalada do grupo de 22 milhões de hectolitros/ano para perto de 25 milhões de hectolitros/ano. A fábrica de Igrejinha vai fornecer bebidas prioritariamente para os mercados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e, futuramente, para o Mercosul. A de Benevides vai permitir a Schincariol entrar com força no mercado amazônico, que absorve 5% do consumo nacional de bebidas, atendendo diretamente os Estados do Pará, Amazonas, Roraima e Amapá. Francischinelli adiantou que a meta do grupo controlado pela família Schincariol é ter pelo menos 10 fábricas funcionando no Brasil até 2010. Estão previstas a instalação de novas unidades fabris no Mato Grosso, Ceará e Minas Gerais. Atualmente, o grupo tem sete unidades em produção, incluindo Igrejinha (RS), que já está funcionando. "O excedente de Igrejinha vai nos permitir ainda ampliar exportação para até 5% de nossa produção no final da década vendendo para o Mercosul", disse Francischinelli. Nos últimos três anos , o grupo Schincariol investiu R$ 600 milhões em novas fábricas, incluindo as unidades de Goiás, Pernambuco e Maranhão e Igrejinha. Para este ano, a intenção do grupo é investir R$ 350 milhões na fábrica do Pará e na de Mato Grosso do Sul. Dos R$ 950 milhões, mais de 50% saíram dos cofres do BNDES. O grupo, de controle familiar, já admitiu certa vez não ter interesse em captar dinheiro no mercado acionário porque tinha acesso a recursos do BNDES.