Título: Commodities favorecem emergentes
Autor: Campos , Eduardo
Fonte: Valor Econômico, 10/03/2008, EU & Investinentos, p. D2

Março começou de forma relativamente positiva para os fundos de mercados emergentes. Segundo a EPFR Global, consultoria que acompanha fundos com mais de US$ 10 trilhões em ativos, os mercados ligados às commodities, como América Latina, Oriente Médio e África, apresentaram fluxo positivo de recursos. Já os fundos de emergentes globais e os destinados à Ásia (ex-Japão) perderam recursos na semana encerrada no dia 5 de março.

A consultoria destaca que os fundos voltados ao Oriente Médio e África foram os grandes ganhadores entre os emergentes. Os US$ 695 milhões recebidos na semana tornam esse grupo o único com fluxo positivo no ano.

O entusiasmo como o preço das commodities resultou em ganhos para as carteiras voltadas à América Latina, com destaque para o Brasil, que registrou o melhor desempenho semanal desde meados de dezembro. No entanto, a boa vontade com o Brasil não resultou em ganhos para os fundos BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), que fecharam a semana com perda de US$ 900 milhões. Dentro do grupo, a China liderou os saques, perdendo US$ 333 milhões.

A EPFR chama a atenção para uma mudança no comportamento dos investidores. Buscando proteção contra a volatilidade das bolsas e a desvalorização global do dólar, os gestores passaram a correr para as commodities, em vez de aplicarem nos tradicionais money market funds (que buscam investimento de curto prazo com baixo risco) e em títulos da dívida dos Estados Unidos.

Entre os nove fundos setoriais acompanhados pela consultoria, apenas aqueles direcionados às matérias-primas tiveram desempenho positivo na semana. Esta categoria registra entrada de recursos em oito das últimas dez semanas, tendo recebido mais de US$ 3,64 bilhões desde o começo de 2008. Com uma taxa de retorno superior a 18%, esse grupo também ocupa o primeiro lugar entre as categorias globais acompanhadas pela EPFR e fica em segundo lugar em termos de fluxo positivo, perdendo apenas para os money market funds.

Na ponta oposta, os fundos dedicados ao setor financeiro perderam US$ 563 milhões na semana. Saques também para os fundos de bens de consumo e tecnologia. Entre os mercados desenvolvidos, os fundos que compram papéis dos Estados Unidos e os de Japão seguiram perdendo recursos.