Título: Microsoft avalia alternativas para aquisição do Yahoo
Autor: , BusinessWeek , Jay Greene
Fonte: Valor Econômico, 11/03/2008, Empresas, p. B2

AP Photo/Microsoft, Robert Sorbo Ballmer, executivo-chefe da Microsoft: companhia tenta manter pressão constante, mas não excessiva sobre o Yahoo A Microsoft certamente sabe como jogar duro quando seus interesses estão em jogo. Então, por que a hipercompetitiva fabricante de softwares vem mostrando-se tão ponderada desde quando pediu ao conselho do Yahoo em 1º de fevereiro para avaliar oferta pelo site de US$ 44 bilhões, em ações e dinheiro? A solicitação foi rapidamente desprezada pelo executivo-chefe do portal, Jerry Yang, mas até agora a Microsoft manteve a disputa com a aspereza de um inofensivo jogo de croqué.

Isso poderia mudar em breve. Em 5 de março, o Yahoo ampliou o prazo para seus acionistas indicarem os diretores do conselho de administração que ia até o dia 14. Agora, o prazo vai até dez dias depois de o Yahoo determinar a data para a assembléia anual de acionistas. Espera-se que o Yahoo determine nas próximas semanas o dia do encontro. Na dança da aquisição, o próximo provável passo da Microsoft seria indicar os diretores do Yahoo. O site informa que a ampliação do prazo permitirá a seu conselho "explorar todas as alternativas" antes de lidar com qualquer disputa por procuração de votos dos acionistas. A Microsoft não quis comentar.

A fabricante de softwares não tem pressa para fazer jogadas drásticas, portanto, a ampliação do prazo não mudará os prováveis planos para indicar uma série de diretores. Não surgiram ofertas rivais, seja para comprar ou associar-se ao Yahoo, que se aproximassem da apresentada pela Microsoft. Caso a direção do Yahoo decida não negociar um acordo com a fabricante de softwares, a Microsoft poderia driblar os diretores e levar sua oferta pelo controle do site diretamente aos acionistas.

Uma disputa por procurações de votos dos acionistas custaria à Microsoft algo entre US$ 20 milhões e US$ 30 milhões, de acordo com especialistas em fusões e aquisições. Em contraste, cada aumento de US$ 1 por ação na oferta da Microsoft acrescentaria US$ 1,4 bilhões ao valor total da compra. Caso a Microsoft consiga assegurar a maioria dos assentos do conselho, seus diretores não hesitariam em derrubar a medida defensiva que permite à direção do Yahoo emitir mais ações, diluindo o valor dos papéis e encarecendo a aquisição. Caso a Microsoft ataque com muita força, contudo, os altos executivos do Yahoo também poderiam complicar a operação levantando receios antitruste junto às autoridades reguladoras. Além disso, uma aquisição agressiva poderia motivar a saída de funcionários importantes do Yahoo.

A Microsoft espera não chegar a esse ponto. Trabalhar para remodelar o conselho de administração por dentro é uma estratégia muito mais perspicaz. O executivo-chefe da Microsoft, Steven Ballmer, portanto, tenta manter uma pressão constante, mas não excessiva sobre o Yahoo. Até agora, a busca do site por possíveis aliados, como Google ou News Corp., não foi muito longe, assim como o aprofundamento das negociações com a Time Warner sobre a fusão com sua unidade de internet AOL.

Qualquer manobra da Microsoft que surja antes do encontro anual do Yahoo, que deve ser marcado para julho, não impede que a fabricante de softwares ignore inteiramente o conselho e apresente diretamente a oferta aos acionistas do portal. Eles poderiam sentir-se atraídos, dado o impacto da desaceleração econômica dos EUA nos lucros do Yahoo.

Outro fator a ser considerado é que 18 dos 25 maiores acionistas do Yahoo possuem mais ações da Microsoft do que do próprio site. Portanto, teriam pouco interesse em que a Microsoft pagasse caro pelas ações do Yahoo.

Seja de uma forma ou de outra, a Microsoft ainda está com a vantagem. No entanto, em termos de custos e senso de oportunidade, uma dose de diplomacia calculada poderia fazer um mundo de diferença.