Título: Crise do subprime paralisa novas aquisições de fundos
Autor: Junior , Altamiro Silva
Fonte: Valor Econômico, 11/03/2008, Finanças, p. C4

A crise no mercado de crédito imobiliário americano complicou os negócios para os fundos de private equity (que compram participações em empresas). As grandes operações, financiadas com empréstimos bancários, pararam nos Estados Unidos e Europa. Mas nos mercados emergentes, como o Brasil, onde este tipo de operação ainda engatinha, o impacto deve ser menor e os fluxos de recursos devem continuar positivos, disse ao Valor a analista Jennifer Choi, da Emerging Market Private Equity Association (Empea), associação com sede em Washington que reúne 195 fundos e gestoras de 74 países, com mais US$ 700 bilhões sob gestão.

Em 2007, os fundos dedicados a países emergentes bateram todos os recordes. Captaram nada menos que US$ 59,2 bilhões, expansão de 78% em relação a 2006, segundo relatório da Empea. Comparado com volumes de cinco anos atrás, os recursos são 20 vezes maiores.

A Ásia (principalmente China e Índia) continua sendo a região preferida destes fundos. Nada menos que US$ 29 bilhões foram levantados pelos private equities para aplicarem nos países daquela região, aumento de 48%.

Em seguida aparece a Rússia e países emergentes do Leste Europeu, com US$ 14,6 bilhões, aumento de 342%.

A América Latina vem em terceiro lugar, com US$ 4,4 bilhões, o dobro do levantado em 2006. O Brasil responde pela maior parte dos recursos. Jennifer avalia que o país, junto com o México, vai continuar atraindo recursos para região. No Brasil, ela destaca a economia aquecida como um dos fatores mais atrativos para os grandes fundos.

Mas tanto para a América Latina quanto para outros continentes a executiva avalia que fazer previsões para futuras captações neste momento de alta volatilidade é complicado.

No ano passado, 204 fundos levantaram recursos para países emergentes, totalizando os US$ 59 bilhões. A maior carteira foi uma de US$ 4 bilhões para os países asiáticos. A segunda maior foi outra de US$ 2,1 bilhões para Europa Central. Brasil, China e Índia tiveram, cada país, um fundo de US$ 1 bilhão. Entre os destaques de 2007 está uma carteira da Advent, de US$ 1,3 bilhão para a América Latina, o maior fundo de private equity já levantado para a região.

O levantamento da Empea mostra que os fundos dedicados a setores de recursos naturais, infra-estrutura e tecnologia são os que mais captaram recursos em 2007. Segundo o relatório, nos últimos três anos, os fundos captaram US$ 118 bilhões. O tamanho médio das carteiras também vem aumentando. No ano passado, estavam em US$ 426 milhões, frente a US$ 272 milhões em 2006.

Sobre o crédito alavancado, a avaliação da Empea é que nos mercados emergentes este tipo de operação não tem participação tão relevante como nos Estados Unidos e Europa. Algumas transações que ocorreram foram financiadas por bancos locais destas regiões. Como eles foram pouco afetados pela crise do mercado imobiliário americano, algumas operações alavancadas podem ocorrer este ano.

No Brasil, no mercado interno, foram criadas 106 carteiras, que foram autorizadas a captar R$ 24,4 bilhões. Este ano, já são 15 fundos com R$ 3,9 bilhões.