Título: Investidor foge de ações de bancos; temor de recessão derruba bolsas
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Fonte: Valor Econômico, 11/03/2008, Finanças, p. C2

As bolsas americanas caíram pela terceira sessão consecutiva, na medida em que investidores se livraram de ações financeiras com o temor de mais perdas relacionadas à crise de crédito e preocupações de que a economia americana já esteja em recessão.

O índice Dow Jones caiu 1,29%, a 11.740 pontos. O Standard & Poor's 500 recuou 1,55%, a 1.273 pontos. O Nasdaq retrocedeu 1,95%, a 2.169 pontos.

As vendas de ações financeiras se intensificaram após rumores de que o Bear Stearns estaria enfrentando uma crise de liquidez. Em entrevista à rede de televisão CNBC, Alan "Ace" Greenberg, chairman do comitê executivo do banco de investimento, chamou a especulação de "totalmente ridícula", mas as ações do Bear Stearns ainda fecharam em queda de 11,1%. O custo para assegurar dívidas do Bear aumentou.

Os rumores sobre os problemas financeiros do banco seguem a divulgação da notícia de que a agência de classificação de risco Moody's reduziu a nota de instrumentos financeiros emitidos pelo Bear Stearns com garantia de empréstimos imobiliários "Alt-A", categoria intermediária entre o prime (crédito bom) e o subprime (de risco).

As ações financeiras estiveram entre os piores desempenhos à medida que os rumores do Bear Stearns aumentaram a convicção de que os bancos irão reportar ainda mais perdas com crédito.

O Citigroup previu baixas contábeis de US$ 9 bilhões nos bancos de investimentos americanos no primeiro trimestre, perdas, em sua maioria, relacionadas à crise do setor imobiliário.

"Existe uma espécie de preocupação de que as condições econômicas americanas que estão se enfraquecendo estejam se espalhando globalmente", disse Frederic Dickson, estrategista de mercado da D.A. Davidson & Co.

Temores de uma recessão aumentaram com o relatório divulgado na sexta-feira mostrando a maior contração do mercado de trabalho americano em cinco anos e tensões no mercado de crédito afundaram o dólar e elevaram as expectativas de que o Federal Reserve irá cortar logo a taxa de juro mais uma vez para impulsionar a economia.

"As pessoas estão preocupadas com sinais de que o sistema financeiro não está se recuperando, e que os lucros fora do setor financeiro estão começando a ser atingidos", disse John Haynes, estrategista na Rensburg Sheppard Investment Management. "Cortes da taxa de juros não são suficientes - isto está começando a ir para além do Fed", afirmou.

As praças acionárias da Europa terminaram o dia também em baixa, ante um pregão marcado pela instabilidade. Os agentes seguiram o comportamento dos papéis em Wall Street e prestaram atenção às palavras do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet.

Ele disse que a autoridade monetária européia está preocupada com os movimentos excessivos no mercado de câmbio. A volatilidade excessiva e movimentos desordenados na taxa de câmbio são indesejáveis para o crescimento econômico, sustentou após reunião dos dirigentes de bancos centrais do G-10. Na Bolsa de Londres, o FTSE-100 fechou a 5.629,10 pontos, com recuo de 1,24%. O CAC-40, de Paris, retrocedeu 1,13%, para 4.566,99 pontos. Em Frankfurt, o DAX perdeu 1,01%, aos 6.448,08 pontos.