Título: MST bloqueia acesso às obras da usina de Estreito
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Fonte: Valor Econômico, 12/03/2008, Brasil, p. A2

A construção da usina hidrelétrica de Estreito, com potência de 1.087 megawatts (MW) e maior obra de energia em andamento, foi paralisada ontem após invasão de 200 manifestantes do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) e do MST. Eles não chegaram a ocupar o canteiro de obras, mas bloquearam a entrada e saída de funcionários nas vias de acesso do empreendimento, na BR-010, divisa de Tocantins e Maranhão.

O presidente da Consórcio Estreito Energia (Cest), José Renato Ponte, alertou que o cronograma da obra ficará prejudicado se ela não puder ser retomada nos próximos dias. Segundo o executivo, é necessário concluir ainda em março toda a parte de concretagem e de escavação. Sem isso, será impossível fazer o desvio do rio e dar início à construção da casa de força. A hidrelétrica de Estreito - uma sociedade entre Suez, Vale, Alcoa e Camargo Corrêa - já teve cerca de 20% de sua construção realizada e começa a gerar energia em setembro de 2010, com a ativação da primeira de suas oito turbinas.

À noite, o consórcio obteve liminar da Justiça Estadual do Maranhão que determina a desocupação dos manifestantes, sob pena de multa diária de dez salários mínimos. Até o fechamento desta edição, o Cest não havia conseguido executar a reintegração.

O coordenador do MAB em Tocantins, Cirineu da Rocha, disse que a exigência dos manifestantes é o estabelecimento de um fórum de negociação, com participação do Ibama e da Casa Civil, para melhorar as indenizações oferecidas pelo consórcio e incluir pescadores e ribeirinhos que não vão receber nenhum tipo de compensação. "Os pescadores e extrativistas não têm sido considerados", protestou Rocha.

O consórcio rebateu as queixas e disse que tem cumprido as obrigações impostas na licença de instalação dada pelo Ibama, que permitiu o início da construção da usina hidrelétrica. (DR)