Título: Construção civil pode crescer 5,9% em 2005 e impulsionar emprego formal
Autor: Raquel Salgado e Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 10/02/2005, Brasil, p. A2

A retomada da construção civil, que cresceu 5,7% no ano passado - de acordo com dados do IBGE - contribuiu para a recuperação do mercado de trabalho no país. Para 2005, analistas esperam que o bom desempenho continue. A Tendências Consultoria Integrada projeta expansão de 5,9% no setor. Isso dará impulso para outros ramos da economia, devido ao efeito multiplicador que a construção civil tem no emprego. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e cálculos da Tendências, estima-se que 42% dos empregos formais criados em 2004 foram gerados a partir de obras e outras atividades implementadas com verbas liberadas pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A criação de empregos na construção civil leva ao aquecimento de outros setores de atividade econômica. Novas obras estimulam a produção de insumos, como cimento e madeira, por exemplo. Além disso, o lançamento de empreendimentos movimenta o mercado imobiliário e publicitário. Para este ano, as expectativas de investimento são ainda melhores, uma vez que, de acordo com a Tendências, serão destinados R$ 11,2 bilhões de recursos do FGTS para obras de habitação, saneamento e infra-estrutura urbana, bem acima dos R$ 5,7 bilhões utilizados em 2004, que representaram cerca de 76% do total orçado para aquele ano. Haverá também R$ 4 bilhões de recursos da caderneta de poupança para obras de habitação. Foto: Carol Carquejeiro/ Valor

João Robusti: para cada R$ 1 milhão investidos, são criados 23 empregos diretos

O Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) espera um crescimento de 4,6% no Produto Interno Bruto (PIB) do setor. Já o consumo aparente de cimento, o termômetro que mede a atividade do setor, deve crescer entre 3,5% a 4% neste ano, como disse ao Valor José Octávio Carneiro de Carvalho, secretário do Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC). Em 2004, o consumo mostrou alta de 1,15% ante o ano anterior e alcançou 34,1 milhões de toneladas/ano, conforme dados do SNIC. O aumento foi tímido, mas suficiente para tirar a indústria cimenteira do vermelho pela primeira vez desde 2000. Com tais perspectivas positivas espera-se que não só a construção civil apresente um crescimento significativo, mas também que o seu bom desempenho reflita em outros ramos da atividade econômica. João Cláudio Robusti, presidente do Sinduscon ressalta que para cada R$ 1 milhão investidos no setor são criados 23 empregos diretos, oito indiretos e mais nove chamados induzidos. Dados preliminares mostram que o emprego na construção civil deve ter crescido cerca de 5,6% em 2004, o que representará mais 70 mil novos postos de trabalho. E neste ano, a criação de empregos tende a ser ampliada. Robusti lembra que investimentos em infra-estrutura já estão em andamento. Os dados de emprego em 2004 refletem isso. Ana Maria Castelo, da GV Consult, relata que, segundo dados preliminares, os ramos ligados a obras que mais abriram vagas de trabalho no ano passado foram o da preparação de terrenos, com alta de 8,4% no nível de emprego, e engenharia e arquitetura, que cresceu 7%. Na opinião de Amaryllis Romano, economista da Tendências, já estaria instalado no país "o quadro em que a construção civil, ao mesmo tempo em que recebe incentivos à sua expansão, realimenta este cenário, ao promover aumento do emprego e da renda". O secretário do SNIC adiantou que a expectativa de retomada forte da indústria cimenteira é de médio prazo, pois sua produção e consumo caíram muito, depois de ter atingido seu pico em 1999, quando o consumo aparente do produto atingiu a casa das 40 milhões de toneladas.