Título: ABC e interior voltam a puxar a abertura de vagas
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Fonte: Valor Econômico, 11/02/2005, Brasil, p. A2

Mais um indicador econômico reflete o dinamismo da economia no interior do país. O emprego industrial em São Paulo cresceu 5%, impulsionado pelo ABC paulista e pelas cidades do interior do Estado. De acordo com a pesquisa do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), esse crescimento representou a geração de 93.626 novas vagas na indústria em 2004, muito acima das 4.646 abertas no ano interior. A criação de posto de trabalho foi encabeçada pela cidade de Diadema, onde se verificou uma alta de 10,54% no nível de emprego industrial. Para Ignácio Martinez, diretor titular do Ciesp de Diadema e presidente da Autometal, o principal motor econômico foi o setor de autopeças, que fornece componentes para a indústria automobilística. "Grande parte da cadeia produtiva da cidade foi beneficiada, uma vez que 300 indústrias vivem do setor automotivo", disse.

O mesmo ocorreu em São Caetano do Sul, onde o emprego teve expansão de 9,31%, também impulsionado pela produção de veículos. Em Piracicaba, cidade com o terceiro melhor desempenho, a geração de vagas cresceu 9%, fruto do bom desempenho da indústria mecânica e da fabricação de papel, papelão ondulado e celulose. Já a capital paulista teve uma melhora tímida, com variação positiva de apenas 1,58%. A grande São Paulo também ficou abaixo da índice geral, com incremento de 4,38% no nível de emprego. Das 33 diretorias regionais do Ciesp que participaram da pesquisa, 18 tiveram um crescimento acima dos 5%. Dos 21 setores de atividade econômica pesquisados, apenas um mostrou retração no emprego: a indústria farmacêutica, com variação negativa de 0,9%. Em dezembro, o emprego caiu 0,44% na comparação com o mês anterior e sem ajuste sazonal. Foi a única taxa negativo em todo o ano. Boris Tabacof, diretor titular do Departamento de Economia do Ciesp, acredita que em 2005 o ritmo de abertura de postos de trabalho irá arrefecer. Segundo ele, a atividade industrial deve perder fôlego e o emprego acompanhará essa tendência. Tabacof ressalta ainda que a partir de outubro o emprego no setor começou a dar sinais de acomodação. "Foi no mesmo momento em que o Banco Central deu início ao movimento de aperto da política monetária", afirma. Para que este cenário seja revertido, o diretor defende, mais uma vez, a queda dos juros básicos, a valorização do câmbio e a redução da carga tributária. (RS)