Título: Planalto tenta se reaproximar do PDT com a filiação de governador
Autor: Henrique Gomes Batista e César Felício
Fonte: Valor Econômico, 11/02/2005, Política, p. A5

O governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, abandonou o PSB e se filiou ontem ao PDT, levando consigo dois deputados federais. A mudança é mais um passo para aproximar o PDT do governo. O partido também fechou apoio ao candidato oficial do PT à presidência da Câmara dos Deputados, Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), que estava presente na reunião e afirmou que a adesão o deixava mais próximo da vitória. Desde o começo de 2004, o partido faz oposição ao Planalto e esta foi a razão para o então ministro das Comunicações e pedetista Miro Teixeira, deixar o governo e a sigla. O panorama mudou com a morte de Leonel Brizola, em junho de 2004. Enquanto vivia, o ex-governador gaúcho travou as manobras do governo para cooptar o partido. Os atritos de Lessa com o presidente do PSB, Miguel Arraes eram antigos, e o alagoano queria sair do partido para outra sigla governista. Mas foi aconselhado pelos interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a entrar no PDT assumindo a defesa da mudança de rumos. "O governo Lula não se esgotou e temos que manter diálogo, nossa postura de independência pode ajudar muito o governo federal", disse ontem o governador. Além de Lessa, os deputados João Fontes (SE) e Jurandir Boia (ex-PSB-AL) entraram na sigla. Com as filiações, o partido passa a contar com 16 deputados. Além de Alagoas, o partido governa o Amapá, com Waldez Góes. Esse aumento no número de membros do partido favorece o entendimento pró-governo dentro do PDT. A sigla está dividida sobre a postura em relação ao governo desde a ida para a oposição, mas os defensores do rompimento predominavam. A cúpula do partido chegou a assumir o compromisso de uma futura fusão com o PPS. Além das novas filiações, a reunião de ontem do PDT serviu para que a bancada fechasse o apoio ao nome de Greenhalgh à presidência da Câmara. O petista, que estava presente na reunião, comemorou o apoio recebido. O partido também definiu o novo líder do partido na Câmara, Severiano Alves (BA). Logo após a morte de Brizola, em junho do ano passado, o governo federal começou a agir para cooptar o PDT. Em uma reunião do comando político do Planalto, ficou decidido que os congressistas da sigla seriam tratados na análise das emendas parlamentares ao Orçamento como se fossem governistas.