Título: EUA querem comércio mais vibrante com o Brasil
Autor: Landim , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 13/03/2008, Brasil, p. A2

Estamos deixando dinheiro em cima da mesa". A afirmação é do secretário-assistente de Comércio dos Estados Unidos, David Bohigian, referindo-se ao comércio entre seu país e o Brasil. Para o funcionário do governo americano, as duas maiores potências do continente deveriam remover barreiras, para vender mais e tornar mais "vibrante" sua relação comercial, que já experimentou dias melhores.

Em 2007, a soma das exportações e importações atingiu cerca de US$ 44 bilhões. Os EUA seguem como maior parceiro do Brasil, mas sua participação nas vendas externas caiu de 25% em 2001 para 15% em 2007. As exportações do Brasil para a maior potência do planeta cresceram só 2% no ano passado, abaixo dos 17% dos embarques totais. Já as importações vindas dos EUA avançaram quase 28% em 2007.

Em visita de dois dias ao Brasil, Bohigian se reuniu com funcionários do governo e empresários. Questionado pelo Valor sobre a possibilidade de um acordo entre o Mercosul e os EUA, ele respondeu que "a energia nesta viagem realmente estava na relação bilateral". E também afirmou que os EUA estão comprometidos com a Rodada Doha "ambiciosa", mas que enquanto as negociações caminham em Genebra é preciso trabalhar em Washington e São Paulo.

Para Bohigian, a qualidade do comércio é tão importante quanto a quantidade. Ele reforçou que Brasil e EUA comercializam produtos de alto valor agregado. "Não estamos falando das commodities que são negociadas entre Brasil e Ásia", disse. Em um momento de crise, as exportações têm sido o motor da economia americana, impulsionadas pela desvalorização do dólar. De acordo com Bohigian, o saldo comercial representou 30% do crescimento do PIB americano em 2006 e 2007. Em janeiro deste ano, as exportações americanas subiram 13% em relação a igual mês de 2007.

Na agenda do funcionário americano, estavam discussões sobre facilitação de comércio, empreendedorismo e "venture capital". Para Bohigian, a quantidade de capital sob administração de firmas de venture capital é pequena no país. "Dado o dinamismo da economia e a cultura empreendedora é possível desenvolver venture capital em diferentes regiões", afirmou.

Bohigian se reuniu com um pequeno grupo de investidores de venture capital, para criar uma força de trabalho capaz de sugerir regras para os governos de Brasil e EUA. Os investidores de venture capital apóiam empresas em seu estágio inicial, quando às vezes não passam de boas idéias. É uma aposta de alto risco e excelente retorno. Este tipo de aplicação quase não deslancha no Brasil por conta das altas taxas de juros, que garantem lucros altos com baixo risco.

Outro tema importante na visita do funcionário americano ao país foi a discussão de acordos de investimento e de bitributação entre os dois países. Este é um pedido do fórum de CEOs de grandes empresas brasileiras e americanas que se reúne nos últimos dois anos. Bohigian disse que as discussões estão em estágio iniciais e se recusou a fazer previsões sobre sua conclusão, ressaltando que vai depender da vontade política dos dois países.