Título: Emprego recua em janeiro com ajuste da indústria intensiva em trabalho
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 13/03/2008, Brasil, p. A3

O emprego na indústria recuou 0,4% em janeiro, na comparação com dezembro, segundo resultado negativo consecutivo nesse tipo de comparação, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o mesmo mês do ano passado o indicador registrou acréscimo de 2,8% , atingindo a 19ª alta consecutiva, mas com ritmo mais fraco em relação aos aumentos verificados em dezembro (3,5%) e novembro (3,9%).

O crescimento de 2,8% em relação a janeiro de 2007 é explicado, sobretudo, pelos resultados positivos em 12 dos 14 locais e 11 dos 18 segmentos. São Paulo (4,7%), Minas Gerais (2,7%) e Rio Grande do Sul (2,8%) exerceram os principais impactos positivos, com destaque para máquinas e equipamentos (12,5%) e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (17,3%). Nos últimos 12 meses, a elevação foi de 2,3%, pouco acima da verificada em dezembro do ano passado, de 2,2%.

Para os analistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), é cedo para concluir, com base nesses números, que a indústria está perdendo capacidade de gerar empregos. "O problema parece ser muito mais de âmbito setorial, afetando certos ramos de atividade onde pode estar começando um novo processo de dispensa de mão-de-obra, do que de âmbito geral da indústria", afirma o Iedi em nota sobre os resultados divulgados ontem pelo IBGE.

Segundo o instituto, a variação no total de ocupados é cada vez menor, desde dezembro passado, nos setores têxtil, de vestuário, calçados e couro e de madeira. "Esses setores, que são os mais intensivos em trabalho e que estão entre os que mais perderam produção para o produto importado, voltaram a registrar aumento de dispensas líquidas de mão-de-obra."

A folha de pagamento real cresceu 2,9% de dezembro para janeiro. Na comparação mensal, o resultado atingiu 7,2% sobre igual mês do ano anterior, a melhor taxa desde dezembro de 2004 (10,7%). Em relação ao número de horas pagas aos trabalhadores da indústria, a taxa registrou em janeiro queda de 0,3% em relação a dezembro, na série livre dos efeitos sazonais. Em 12 meses, a redução acumulada é de 0,7%. Na comparação com igual mês do ano anterior, o número de horas pagas mantém seqüência de 20 taxas positivas, com aumento de 2,1% em janeiro. (Agências noticiosas)