Título: Bagaço de cana é fonte de leilão da Coomex
Autor: Capela , Maurício
Fonte: Valor Econômico, 13/03/2008, Empresas, p. B11

A busca por fontes alternativas de energia está na mira das comercializadoras do insumo no Brasil. E a tendência é tão forte, que se dissemina por todas os grupos que atuam no mercado livre de energia, ou seja, é uma estratégia tanto das comercializadoras independentes, como daquelas companhias que são controladas por grandes grupos do setor no país. Hoje, o mercado livre representa 26% de todos os megawatts negociados no país.

Uma das grandes entusiastas da energia obtida a partir do bagaço da cana-de-açúcar é a Cia. Operadora do Mercado Energético (Coomex). Fundada em novembro de 2005, a empresa vem organizando leilão atrás de leilão, tendo como matéria-prima os megawatts (MW) gerados a partir do processo produtivo do açúcar e do álcool.

Segundo José Manoel Amorim, diretor de operações e um dos sócios da Coomex, a próxima tacada será dada em abril deste ano. A idéia, conta o empresário, é negociar cerca de 300 MW médios em produtos mensais, cujo lastro é a safra da cana de 2008 e 2009. "Nossa expectativa é que esse leilão movimente ao redor de R$ 300 milhões", afirma Amorim, que não revela o faturamento da Coomex.

Mesmo mantendo a receita em sigilo, Amorim admite que sua meta é dobrar a receita entre 2008 e 2007. No ano passado, a Coomex comercializou 310 MW médios. Sendo assim, o empresário não esconde que esse leilão é fundamental para alcançar suas pretensões.

Outro leilão que Amorim admite estar costurando é mais ambicioso. Nesse produto, a idéia é negociar contratos de fornecimento de energia com duração de cinco anos, uma década e quinze anos. Hoje, contatos preliminares feitos mostram que o pregão poderia contar com algo como 500 MW médios, que caso fossem negociados proporcionariam um giro financeiro de R$ 4,5 bilhões. Tanto no leilão programado para abril, como no pregão futuro, o empresário trabalha com um preço médio pouco acima dos R$ 130 por MWhora.

O papel da Coomex nestes leilões é encontrar os fornecedores de energia e os compradores, formados por auto-produtores, consumidores livres, comercializadoras, geradoras, entre outras. "Nós ficamos responsáveis pelos ajustes de cada lado", conta.

A fórmula parece funcionar. Em janeiro deste ano, a Coomex organizou um leilão em que negociou 50 MW médios e o giro financeiro alcançou R$ 70 milhões.

A Coomex, contudo, não está sozinha na busca pelo megawatt do produtor de açúcar e álcool. A própria CPFL Brasil, o braço de comercialização da maior companhia de distribuição do Brasil, a CPFL Energia, tem iniciado atividades neste segmento. A CPFL Brasil tem uma participação de 23% no mercado livre de energia no país.

Outra comercializadora independente que também prospecta os megawatts da indústria sucro-alcooleira é a Delta. Dona de uma receita de R$ 187 milhões no ano passado, R$ 10 milhões inferior à de 2006, a comercializadora afirma que tem conversado com as usinas de cana-de-açúcar instaladas no interior paulista e no Mato Grosso e Goiás, além de prospectar Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). "Hoje, comercializamos 2 megawatts (MW) dessas fontes de energia e nossa meta é alcançarmos 50 MW até o fim do ano", conta Mateus Andrade, superintendente da Delta