Título: PAC é vacina contra crise externa, avalia Dilma
Autor: Galvão , Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 14/03/2008, Brasil, p. A2

O governo quer dar mais velocidade à execução dos projetos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para recuperar o tempo perdido com a tramitação do orçamento no Congresso. A ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, mostrou-se aliviada ao comentar a aprovação da lei orçamentária pelos deputados e senadores. Ao sair de debate entre governo e empresários promovido pela "The Economist", com apoio do Valor, a ministra disse que será possível, agora, começar a realizar as obras do PAC. "Infelizmente, houve atraso, mas pretendemos recuperar o tempo perdido acelerando todos os processos."

Na avaliação de Dilma, o PAC é garantia de elevação do Produto Interno Bruto (PIB). Na sua visão, esse conjunto de investimentos articula a demanda do setor público e os recursos privados concretizando projetos de infra-estrutura e construção civil pesada. Nas previsões da ministra, a construção civil pesada vai puxar o crescimento econômico em 2008 e dar densidade para a expansão do mercado interno. Na avaliação dela, isso é crucial diante da situação de turbulência financeira internacional. "O PAC funciona como uma vacina contra a crise externa e contra as flutuações que ocorrem na economia internacional. Em 2008, vamos crescer bem", garantiu.

Muitos projetos do PAC foram maturados no ano passado e, de acordo com Dilma, vão "desaguar" em 2008. Ela citou como exemplo os gasodutos, em quase todas as regiões, e ferrovias, ressaltando a Transnordestina. O PAC tem previsão de investimentos de R$ 503,9 bilhões até o fim de 2010. Desse total, R$ 274,8 bilhões vão para energia, R$ 170,8 bilhões para as áreas social e urbana e R$ 58,3 bilhões para logística e transporte.

O terceiro balanço do PAC, divulgado no início do ano, revelou que 62% das obras foram iniciadas em 2007. Em agosto do ano passado, 60% das mais de duas mil ações previstas estavam nessa fase inicial. Das iniciativas que ainda não tinham sido começadas, 23% estavam em licitação. Em 2007, 70 licenças ambientais e 18 autorizações para interferência em áreas indígenas foram concedidas por Ibama e Funai.

Apesar de a maioria das obras ter começado, o governo não conseguiu gastar tudo o que colocou no orçamento de 2007 para o PAC. Nas estatais, a execução orçamentária foi melhor, chegando a 74% nos segmentos de petróleo e gás e 67% nas áreas de geração e transmissão de energia. Nos órgãos do governo que dependem de recursos do orçamento, o valor desembolsado foi inferior a 30%. Na avaliação do governo, 86% dos projetos do PAC têm evolução adequada. Para a Casa Civil, 12% dos projetos requerem atenção e 2% deles estavam em situação preocupante.