Título: PT paulistano vai usar PAC como vitrine eleitoral
Autor: Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 14/03/2008, Política, p. A11

Uma das principais vitrines da campanha municipal do PT em São Paulo serão os investimentos feitos pelo governo federal na cidade. O partido usará as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na tentativa de capitalizar parte das vitrines que deverão ser usada pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) em sua campanha pela reeleição, como a urbanização de favelas e a melhoria no transporte público.

Na segunda-feira o diretório municipal do PT discutirá a "tática eleitoral" a ser seguida e a divulgação dos investimentos da União na capital é um dos pontos principais já previstos pelos petistas. "Vamos capitalizar ao máximo os investimentos do governo federal em São Paulo. Lula está destinando recursos para o Rodoanel e para urbanização de favelas. Está ajudando muito a população mais carente", disse o presidente do diretório municipal do PT, vereador José Américo. Vamos comparar com outros períodos e mostrar que nunca um governo federal e o PT investiram tanto em São Paulo como agora", comentou.

A União prevê investimentos milionários para obras na capital e para o Estado até 2010 e os petistas não querem que o governador estadual, José Serra (PSDB), nem o prefeito do DEM tenham o reconhecimento sozinhos dos projetos como a recuperação das represas Billings e Guarapiranga nem do trecho sul do Rodoanel. "São obras que beneficiam a cidade de São Paulo como um todo", afirmou Américo.

As obras de saneamento e infra-estrutura nas maiores favelas da capital concentrarão os recursos em áreas carentes da cidade, tradicionais redutos petistas. Os petistas continuarão direcionando o discurso às grandes periferias e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva destinará, por exemplo, R$ 100 milhões à favela de Paraisópolis e Heliópolis, R$ 110,5 milhões. As duas comunidades são as maiores favelas da cidade.

O partido pretende se aproximar da classe média ao falar dos investimentos em Transporte. Além do trecho sul do Rodoanel, que facilitará o acesso ao Porto de Santos e deve diminuir o trânsito na capital, o Expresso Tiradentes, em obras há mais de dez anos, também será usado como vitrine da União e do PT. Do custo estimado em R$ 450 milhões, R$ 250 milhões serão do governo federal e R$ R$ 200 milhões da prefeitura. "Faremos uma defesa do governo Lula e do modo petista de governar", disse o vice-presidente do diretório estadual do PT, vereador João Antonio. "Estamos investindo em transporte público e vamos comparar com o que o Kassab está fazendo", disse.

O parlamentar comentou que a campanha petista deverá centrar esforços também para reforçar a imagem do DEM e do PSDB à privatização. "Estão terceirizando a educação, a saúde e os equipamentos esportivos na cidade. É uma forma de privatização dos serviços. Eles querem o Estado mínimo", afirmou Antonio.

Além da definição da tática eleitoral que servirá de guia ao partido, a campanha petista ganhará formas mais claras no fim do mês. No dia 29, o PT deverá escalar a equipe de campanha e os responsáveis pela elaboração do projeto de governo. Dentro do PT, a discussão entre os dirigentes já parte do pressuposto que a candidata é Marta Suplicy, ministra do Turismo.

Os dirigentes do PT de São Paulo defendem um amplo leque de alianças, com o PMDB e PR (antigo PL) como aliados prioritários. Na terça-feira o presidente do diretório estadual do PT, o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, e o presidente estadual do PMDB, o ex-governador Orestes Quércia, conversaram novamente sobre o acordo em torno do nome de Marta. O principal empecilho continua sendo a indicação para a presidência da Ceagesp, gerida pelo governo federal e desejada pelos pemedebistas. O governo já cedeu ao PMDB paulista ao nomear Miguel Colasuono para a direção administrativa da Eletrobrás. O PT busca, ainda, aliança com o PSB e PCdoB.