Título: Impacto para exportações do Brasil ainda é incerto
Autor: Moura e Souza , Marcos
Fonte: Valor Econômico, 14/03/2008, Internacional, p. A14

A eventual redução do ritmo de crescimento da China pode afetar as exportações brasileiras para o país. A avaliação é do presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Tang, que disse esperar tanto numa redução dos preços das commodities quanto dos volumes dos embarques.

"Impacto vai haver. A China puxou, com sua demanda, essa fase de prosperidade internacional. No caso do Brasil, o superávit, que ajudou a pagar nossa dívida externa, foi em boa parte devido à demanda chinesa. E, com a redução da demanda, não só os volumes exportados devem cair, mas os preços possivelmente não vão subir tanto mais e talvez até caiam", disse Tang, que integra o quadro de conselheiros internacionais de dois governos locais da China, de Wuhan e de Jilin. No topo da pauta das exportações brasileiras para o país estão a soja e o minério de ferro.

"A nossa expectativa é que a economia da China cresça em torno de 8%." Ele lembra que há cinco anos essa vem sendo a meta das autoridades econômicas do país. Para Tang, além das medidas que têm sido adotadas por Pequim, o desaquecimento global - puxado pela crise imobiliária americana e pelo aperto no crédito - deverá ajudar a China a reduzir seu ritmo.

Para Rodrigo Tavares Maciel, secretário-executivo do Conselho Empresarial Brasil-China, o fato de a pauta de exportações brasileiras para China ser concentrada em duas commodities, cuja cotação internacional está nas alturas, garantirá receitas elevadas. Maciel não acredita na redução da demanda por minério de ferro, num momento de elevados investimentos em ativos fixos no interior do país, nem na demanda por soja.

"Ainda que não seja muito saudável só exportamos commodities para a China, e não vamos sentir muito a desaceleração da sua economia." Segundo ele, dos US$ 955 bilhões importados pelos chineses em 2007, US$ 720 bilhões foram de itens industrializados. Para os fornecedores desses itens, o impacto deve ser maior. A China é destino de 11% a 12% das exportações brasileiras; o Brasil recebe 1% das exportações chinesas.