Título: Unidos para sempre
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 11/02/2011, Política, p. 6

PT Na festa de comemoração dos 31 anos do Partido dos Trabalhadores, o ex-presidente Lula avisou que a relação política entre ele e Dilma é "indissociável", e aproveitou para reiniciar um debate sobre a crise do mensalão

Luiz Inácio Lula da Silva se autodefiniu, na festa de 31 anos do Partido dos Trabalhadores, como um ¿cão que caiu da mudança¿; no caso, o gabinete presidencial. Mas a fase de não saber direito o que fazer ou aonde ir passou rápido. Nos 35 minutos em que discursou, com um excelente humor, para os 450 filiados que conseguiram entrar no Teatro dos Bancários, Lula alertou para a necessidade de manter alianças para as eleições municipais de 2012, voltou a defender uma regra estável para correção do salário mínimo e deu um recado àqueles que tentam marcar as diferenças entre ele e Dilma Rousseff. ¿O sucesso de Dilma é o meu sucesso, o fracasso de Dilma é o meu fracasso¿, disse ele. ¿Minha relação política com a Dilma é indissociável. Construímos a candidatura quando eles diziam que a Dilma era um poste. Se a grande desconstrução do governo Lula é falar bem da Dilma, poderei morrer feliz. Queríamos alguém que fizesse mais e melhor. Se fosse para fazer o mesmo, eu teria pleiteado o terceiro mandato¿, disse ele. Dilma não ouviu o discurso do antecessor. Chegou quase às 20h e, quando entrou, veio logo o bolo. Também não discursou. Ao fim, circulou pelo palco, tirando fotos e cumprimentando pessoas.

Lula se referiu a Dilma como resultado de um processo político que ¿tentaram destruir em 2005¿. E, contrariando a expectativa dos próprios petistas, que consideravam o mensalão um tema indigesto para ser tratado em dia de festa, o ex-presidente começou a sua proposta de revisão das versões sobre a crise. ¿A história haverá de mostra que não houve campanha mais infame do que a que feita contra o PT em 2005. Ainda vamos falar muito, estudar muito, mas ainda vamos saber direitinho o que aconteceu naquele fatídico ano, quando nós mesmos desconfiávamos de nós¿, disse Lula.

O ex-presidente fez questão de apresentar uma lição do episódio: ¿Nesse momento do PT, devemos ter clareza de quem são aliados e adversários. Quando um companheiro nosso tiver problema e a gente tiver dúvida, na dúvida ,a gente tem que estar com o companheiro da gente¿, afirmou, elencando realizações e projetos futuros para o PT. Lula sugeriu que o partido comece, desde já, a discutir as candidaturas de 2012. ¿Não vamos deixar para discutir quando todo mundo já tiver candidato. É bom começar já para maturar a aliança.¿ Na festa, estava a cúpula do PSB, seu presidente Eduardo Campos e o vice, Roberto Amaral.

Lula mencionou ainda o orgulho de poder andar num avião de carreira. ¿Vocês não sabem o prazer que eu sinto em ver pobre andando de avião. Não sabem nem sentar, nem procurar o lugar, mas estão lá. Não tem mais carro velho na rua. Antes, o congestionamento era de Brasília velha quebrada. Agora, é de carro novo. É bom os governadores alargarem as ruas porque o pobre vem aí¿, afirmou.

Colaborou Leandro Kleber

Genoino presente Depois da grande festa, houve um evento restrito para a cúpula petista na casa do ex-deputado federal Sigmaringa Seixas. Os presentes cantaram parabéns para Ricardo Berzoini, ex-presidente do Partido dos Trabalhadores. Quem também esteve lá foi o ex-deputado José Genoino, que chegou à festa em um carro com a marca da Câmara dos Deputados.