Título: Banif entra no crédito ao consumo
Autor: Carvalho , Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 14/03/2008, Finanças, p. C20

O chairman, comendador Horácio Roque, espera expansão como em Portugal O grupo português Banif é o mais novo competidor do mercado de financiamento ao consumo. O Banif inaugurou, ontem, as instalações da financeira LusoCred Serviços Financeiros no centro velho de São Paulo

O presidente do conselho de administração e fundador do Banif, comendador Horácio da Silva Roque, informou que a Lusocred vai financiar de veículos novos, móveis, produtos da linha branca e material de construção, além de oferecer crédito pessoal.

O Banif opera no Brasil desde 1999, quando comprou o banco carioca Primus, e foi construindo gradualmente os negócios no Brasil. Inicialmente, desenvolveu as operações de banco de atacado e de investimento, incluindo a administração de ativos e a home broker. "Começamos com cautela, apostando no futuro", disse o comendador Roque.

O banco comercial cresceu mais lentamente, concentrado em operações de comércio exterior, pequenas e médias empresas e private banking, informou o presidente das operações no Brasil, Julio Rodrigues. Mas já tem 50 mil clientes, uma dúzia de agências e quer chegara 25 até 2010. Além da financeira está lançando o cartão de crédito e débito Visa e avalia a entrada na área de seguros e do crédito imobiliário. O banco tem uma empresa hipotecária que, desde 2001, dá crédito a incorporadoras com fundos traduzidos do exterior.

A financeira estava adormecida e foi agora "reavivada", disse Rodrigues, uma vez que o banco considera que há condições para o desenvolvimento do negócio. Dinheiro não é problema, garantiu o comendador, lembrando que o grupo possui no Brasil um patrimônio próximo de R$ 500 milhões somando-se o banco comercial e o banco de investimento; e mais recursos podem ser trazidos, se necessário.

O comendador avalia que está ocorrendo no Brasil o que aconteceu em Portugal na década de 80, quando a redução dos juros e o alongamento dos prazos tornaram o crédito mais acessível e viabilizaram o aumento do consumo.

A turbulência atual nos mercados internacionais não tirou o ânimo do Banif. "De fora de uma situação como essa nunca se fica. Mas, o Brasil está em uma posição confortável", disse o comendador.

O comendador compreende medidas como o imposto que o governo acaba de criar para os investimentos estrangeiros de curto prazo. "O Brasil tem que arranjar instrumentos de proteção", afirmou, lembrando que, quando comprou o Primus, em 1999, o Banif teve que pagar um pedágio.

Para ele, a principal preocupação do Banco Central deve ser com o controle da inflação, que garantirá a baixa consistente dos juros.

O banco comercial, chamado de Banif - Banco Internacional do Funchal (Brasil), S.A., fechou o balanço de 2007 com ativos totais de R$ 860,875 milhões, 13,2% abaixo do patamar de 2006, e lucro líquido de R$ 10,089 milhões, com queda de 20,6%. Já o Banif Banco de Investimento (Brasil) S.A. mais do que dobrou os ativos, ampliando-os em 148% para R$ 828,2 milhões; e multiplicou por 24 o lucro líquido para R$ 101,938 milhões. Neste ano, o braço do banco de investimento ampliou a área de gestão de fortunas, contratando mais 15 pessoas, e criou um "portuguese desk", plataforma especializada para atender as empresas portuguesas com atuação no Brasil.

Fundado há 20 anos em Funchal, no arquipélago da Madeira, o Banif atua em 14 países. Em Portugal tem ativos de 11 bilhões de euros, 450 pontos de venda entre agências e escritórios, 4,4 mil funcionários e 1,2 milhão de clientes.