Título: Infraero reduz perda para R$ 76 milhões
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 18/03/2008, Empresas, p. B6

Com menos provisões financeiras para neutralizar as perdas causadas pela quebra de companhias aéreas, a Infraero reduziu seu prejuízo para R$ 76,3 milhões em 2007, valor 43% abaixo daquele verificado no ano anterior, quando o balanço da estatal havia sido fortemente prejudicado pelo reconhecimento integral dos créditos duvidosos da antiga Varig. Em outras ocasiões, o balanço fora afetado por provisões em relação à Transbrasil e à Vasp.

O prejuízo apurado pela Infraero já leva em conta a aplicação de recursos próprios em bens da União - ou seja, investimentos em obras e serviços de engenharia nos aeroportos. Como as pistas, pátios e terminais aeroportuários não são ativos da empresa, essas aplicações são contabilizadas como despesas, não como investimentos, afetando todo o desempenho financeiro.

De um investimento previsto de R$ 1,28 bilhão, a estatal só conseguiu aplicar efetivamente R$ 573 milhões, como efeito de suspensão de obras em aeroportos como Goiânia, Vitória e Macapá, por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).

Se não fossem contabilizados esses investimentos em bens da União, a estatal teria lucro líquido de R$ 261,2 milhões - 53% acima do obtido em 2006. Para a empresa, o número reflete melhor a sua situação financeira do que o prejuízo contábil. Um dos ajustes necessários para a abertura de capital da Infraero, já determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é a mudança desse padrão contábil, provavelmente incorporando os aeroportos aos seus ativos.

Com sua imagem desgastada pelo caos aéreo e o acidente com o vôo 3054 da TAM, em julho de 2007, a Infraero relatou ter feito pesquisas junto à mídia e à opinião pública. Da consulta aos passageiros, informou, constatou-se "a grande confusão que existe no âmbito das atribuições de competência no setor aéreo e a necessidade urgente de divulgação do verdadeiro papel da empresa como administradora de aeroportos". "Essa falta de informação do público em relação às responsabilidades de órgãos e empresas que compõem o setor pode ser a maior causadora das distorções de imagem da Infraero", diz no balanço a empresa, que gerencia 67 aeroportos.

A principal receita da estatal é com a cobrança de tarifas de embarque pagas pelos passageiros, que geraram R$ 643,8 milhões no ano passado. O diretor financeiro da Infraero, Sebastião Martins Ferreira, disse que a empresa estuda reajuste das tarifas aeroportuárias (pouso e permanência) cobradas das aéreas. Elas estão há 11 anos sem correção e acumulam mais de 40% de defasagem em relação aos índices de inflação, segundo o diretor. Por isso, argumentou, a necessidade de reajustá-las.

Além do estudo para reajustar tarifas aeroportuárias, a ser encaminhado ao Ministério da Defesa e à Anac, a Infraero deverá receber nova tabela de preços de referência para obras em aeroportos. Ela está sendo elaborada pela Caixa Econômica Federal e IBGE, e deverá facilitar o aval do TCU às obras. Hoje, o tribunal de contas "cruza" os valores apontados nas licitações da Infraero com as tabelas usadas em estradas e na construção civil, o que gera distorções, segundo antigas reclamações da estatal. (DR)