Título: Geddel vai para a Caixa
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 11/02/2011, Política, p. 7

DISPUTA POR CARGOS Ex-ministro da Integração Nacional assumirá a Vice-Presidência de Crédito à Pessoa Jurídica. Retomada da escolha do segundo escalão deu-se após o fim da tensão entre Antonio Palocci e Eduardo Alves

Selada a paz entre o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, e o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, o partido começa aos poucos a retomar as negociações dos cargos de segundo escalão. Em breve, será anunciada a ida do ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima para a Vice-Presidência de Crédito à Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal. O ex-governador do Paraná Orlando Pessuti, que desistiu de ser candidato à reeleição para apoiar a chapa encabeçada por Osmar Dias (PDT), será indicado para a área de agronegócio do Banco do Brasil. Os peemedebistas buscam ainda um terceiro posto para o ex-governador da Paraíba José Maranhão.

O cargo oferecido a Geddel está hoje sob o comando do partido, por indicação do ex-senador Hélio Costa, de Minas Gerais. No caso do Banco do Brasil, a Direção de Agronegócio está com o Partido dos Trabalhadores. Mas os peemedebistas que perderam tantos cargos no primeiro escalão para os petistas ¿caso dos ministérios das Comunicações e da Saúde ¿ esperam que o PT entenda que é preciso ceder algum espaço em nome da boa parceria.

A intenção dos peemedebistas ao pedir alguns cargos sob a tutela do PT é aproveitar para avaliar o grau da retomada de uma relação de confiança e da perspectiva de governar juntos, estabelecida na campanha. Essa relação terminou estremecida na formação do primeiro escalão e na distribuição de parte dos cargos do segundo time já anunciada. A crise culminou com um diálogo ríspido entre Henrique Eduardo Alves e o ministro Antonio Palocci.

O primeiro encontro dos dois depois da briga foi há dois dias no gabinete da presidente Dilma Rousseff. Palocci acompanhou a audiência entre Dilma e a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini, do DEM, com a presença de Alves. Ali, os dois conversaram e afastaram o mal- estar. Dilma até brincou com o líder, dizendo que mandaria o bambolê de volta. A presidente recebeu o bambolê de Alves quando era ministra da Casa Civil, num recado para que tivesse mais jogo de cintura. O peemedebista saiu eufórico do encontro por considerar desfeita qualquer relação de mal-estar entre ele a cúpula palaciana.

Para ter a certeza de que não havia mais resquícios entre Palocci e Alves, o vice-presidente da República, Michel Temer, marcou um almoço ontem com a cúpula do PMDB e o ministro. Além de Alves e Palocci, compareceram o presidente do Senado, José Sarney, o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), e o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR). Eles discutiram a relação política, e Palocci conseguiu obter do PMDB a garantia de que o partido jogará aliado ao Planalto na votação do salário mínimo, o primeiro grande teste da presidente Dilma no Congresso Nacional.

A intenção de Michel Temer com a promoção do encontro era acabar com as tensões entre os partidos e voltar a ter um PMDB mais à vontade na interlocução com o governo. Afinal, desde que perderam ministérios importantes para o PT, os peemedebistas sentem-se como aliados de segunda classe. E agora Temer age para tirar essa marca e a pecha de fisiologismo.

Derrota na Bahia O ex-ministro candidatou-se ao governo da Bahia e ficou em terceiro lugar, com 1 milhão de votos. No segundo turno, o peemedebista anunciou apoio à presidente Dilma Rousseff, apesar de ela e o ex-presidente Lula não terem subido ao palanque de Geddel no primeiro turno das eleições baianas, que tiveram Jaques Wagner (PT) como vitorioso. O petista recebeu 4,1 milhões de votos.

Ânimos exaltados Em um reunião realizada no fim da semana passada, Henrique Eduardo Alves criticou a escolha de Flávio Decat para a Presidência de Furnas. O líder do PMDB queria indicar um nome apoiado pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, argumentou que a presidente Dilma Rousseff havia escolhido Decat, mas Eduardo Alves insistiu que não aceitava a indicação. O impasse entre a dupla acabou em discussão.