Título: Serra viaja para reforçar imagem
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 17/03/2008, Política, p. A8

Denise Mustafa / Diário do Nordeste / Folha Imagem Serra com Cid Gomes e Tasso Jereissati, no Palácio Iracema, em Fortaleza, na sexta-feira: reforma tributária foi o pretexto para encontro em território de Ciro O governador de São Paulo, José Serra, começou a viajar nas últimas semanas pelo país para discutir a reforma tributária e negociar outros pontos econômicos com diversos governadores, mesmo aqueles que não são aliados. Na mais recente delas, esteve no Ceará, conversando com Cid Gomes (PSB) sobre créditos tributários entre os dois Estados. Coloca-se, dessa maneira, como importante interlocutor para assuntos federativos e reforça a sua imagem nacional, amparado nos bons resultados nas últimas pesquisas de intenção de voto.

Segundo um parlamentar fiel à Serra, os gestos do governador contribuem para solidificar uma imagem nacional. Ele lembra que no Nordeste, por exemplo - região onde o PSDB sempre tem dificuldades para obter votações expressivas, o tucano só não vence os demais pré-candidatos à Presidência no Ceará. Neste Estado, o líder é o pessebista Ciro Gomes. Nos demais, Serra lidera com folga diante de todos os seus possíveis adversários.

Esse resultado se torna mais expressivo ainda se lembrarmos que, nas últimas duas eleições presidenciais, o PT e Lula tiveram votações maciças na região nordeste. Mesmo quando o PSDB chegou ao poder, na eleição e reeleição de Fernando Henrique, em 1994 e 1998, o êxito só foi alcançado graças à coligação com o então PFL, hoje Democratas.

Um aliado no partido lembra que, com a boa imagem perante o eleitorado, qualquer aparição traz dividendos ao governador, sobretudo na mídia. "Recentemente, ele esteve visitando a cidade de Nova Jerusalém (PE), onde é encenada a Paixão de Cristo. Foi muito bem recebido pelo prefeito da cidade e da região", lembrou o tucano. A mesma aconteceu durante a visita ao Instituto Teotônio Vilela, ligado à legenda.

Todos esses movimentos também ajudam a reforçar a imagem interna de Serra - leia-se, mídia em São Paulo. "O Serra sabe que, para ser um presidenciável forte, ele precisa ser um excelente governador. Felizmente, isso está acontecendo", confirmou um político que acompanha de perto a trajetória serrista. "Ao viajar para negociar acordos tributários e comerciais, ele também ajuda o Estado a crescer economicamente, colhe dividendos internos", acrescentou.

Um assessor próximo ao governador lembra que a maioria das conversas até o momento foram geradas a partir de demandas surgidas nos encontros do Confaz. Nelas, os secretários de Fazenda estaduais se reúnem, trocam impressões e negociam pendências. Foi assim em relação a Alagoas, os dois Mato Grossos (MT e MS) e, recentemente, Ceará.

Quanto a uma possível polarização com o governador de Minas, Aécio Neves, que, recentemente, apresentou-se como o político da conciliação, disposto a dialogar com todos os setores, uma marca que não é o forte do Serra, um serrista contrapõe: "Mas o Serra tem imagem nacional conhecida, Aécio ainda não". A melhor estratégia, no entanto, é não antecipar esse debate. "Não podemos ficar polarizando agora isso. Para o PSDB é bom chegar lá na frente com dois nomes fortes. Mas precisamos ter cautela, deixa para decidir isso apenas em 2009, de preferência, em 2010. Quem antecipar algo agora, se queima", declarou uma liderança partidária.