Título: Partido quer Palocci na relatoria
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Fonte: Valor Econômico, 19/03/2008, Política, p. A9

Bancada petista reúne-se com Mantega e Múcio e avisa que Palocci é o preferido do partido para relatar a proposta de reforma tributária enviada pelo governo O PT iniciou ontem o movimento mais forte para tentar emplacar o nome do deputado Antonio Palocci (PT-SP) para ser relator da reforma tributária. É a segunda vez em seis meses que Palocci enfrenta Sandro Mabel (PR-GO) para relatar um projeto de grande interesse do governo: no fim de 2007, os dois disputaram a prorrogação da CPMF, disputa vencida pelo ex-ministro da Fazenda.

Ontem, em reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o PT anunciou que o nome favorito do partido é Palocci. "Expusemos ao ministro que o melhor candidato para ocupar o posto é o deputado Palocci", diz o líder petista na Câmara, deputado Maurício Rands (PE). Mantega não respondeu positivamente. Disse apenas que esperava que o nome escolhido tenha "compromisso com a reforma".

Nas negociações, Sandro Mabel está um passo à frente de Palocci. Além de seu partido, Mabel conta com apoio de deputados de várias legendas da base aliada e, mais importante, do PMDB. Os pemedebistas querem ver Edinho Bez (SC) na presidência da comissão especial que vai analisar a proposta de emenda e Mabel na relatoria.

Nas conversas reservadas, alguns deputados da base aliada dizem que Mabel é comprometido com o empresariado e já se manifestou de forma favorável à guerra fiscal. Lembram que o PMDB já relatou o texto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, responsável por avaliar a legalidade da PEC antes de ela começar a tramitar efetivamente. Na CCJ, o relator é o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ).

Os aliados do deputado goiano rebatem. Dizem que Palocci não tem condições políticas de relatar projeto de tamanha importância depois de ter sido denunciado pelo procurador-geral da República. O Ministério Público Federal acusa Palocci de determinar a quebra do sigilo de um caseiro durante crise do mensalão.

Um deputado ligado ao Planalto avisa que o governo trabalhará por Palocci, seja na presidência, seja na relatoria da comissão especial. "Palocci vai estar nesse time", afirma o parlamentar.

Além de conversarem sobre a relatoria da reforma tributária, deputados petistas também ouviram de Mantega avaliações sobre a atual crise internacional. "O ministro mostrou-se tranqüilo. Ele lembrou que as reservas brasileiras são suficientes para enfrentar a crise. E elogiou as medidas adotadas pelo governo dos Estados Unidos, "que estão no caminho certo", revelou o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que estava no encontro.

Além das reservas cambiais, Mantega lembrou que o mercado interno em expansão e a diversificação dos parceiros econômicos do Brasil são outras duas garantias de que a crise internacional pode afetar o país em menor grau do que em outras ocasiões. O ministro afirmou que não queria estar no cargo durante as crises da década de 90. Na ocasião, disse Mantega, o país não vivia momento tão sólido na economia.

"O ministro também disse que a importância da reforma tributária cresce com a crise internacional", revelou o deputado Virgílio Guimarães (PT-MG). Segundo Mantega, o país vive o melhor momento para votar a reforma, já que não é nem crise política e nem crise econômica interna. (TVJ)