Título: Criticada, Aneel investiga apagão
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 11/02/2011, Economia, p. 12

INFRAESTRUTURA

Após uma saraivada de críticas durante a semana sobre sua ineficiência, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que está apurando as causas do apagão em oito estados do Nordeste ¿ iniciado na noite de quinta-feira passada e que se estendeu pela madrugada da sexta-feira ¿ e o de São Paulo, ocorrido na tarde da terça-feira. Mas o comunicado não minimizou as desconfianças dos especialistas sobre a qualidade da fiscalização, especialmente após a redução da multa contra Furnas, estatal responsável pela interrupção do fornecimento de energia a 18 estados em novembro de 2009.

¿Não adianta a Aneel dizer que está investigando. Há um problema muito sério na manutenção dos sistemas de transmissão e de distribuição de energia no país e a fiscalização não está ocorrendo como deveria¿, alertou o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), Adriano Pires. A apuração da Aneel faz parte de uma investigação informal, já que a agência ainda aguarda o Relatório de Análise de Perturbação (RAP), do Operador Nacional do Sistema (ONS) e da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), sobre o apagão.

Problemas A expectativa é que o documento seja entregue hoje ao órgão regulador e ao Ministério de Minas e Energia para que a investigação formal tenha início. Na visão de Pires, a série de interrupções de fornecimento de energia dos últimos dias mostra que pouco se fez para melhorar a infraestrutura de transmissão, após o apagão de novembro de 2009. ¿A rede não é robusta como deveria e não foi modernizada.¿

Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe, instituição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), também acredita que há sérios problemas na estrutura e na fiscalização do sistema elétrico nacional. ¿Hoje, o Brasil realmente não tem problemas de geração de energia. Mas esses apagões recentes mostram que existem sérios problemas. As interrupções no fornecimento de energia estão cada vez mais frequentes¿, lembrou.

Pré-sal atrai os EUA

Mais de 100 empresas americanas querem entrar no Brasil para aproveitar as oportunidades que surgem com a exploração do petróleo da camada pré-sal. ¿Há um grande número de firmas americanas interessadas em investir localmente, algumas já instaladas e muitas outras que ainda não estão aqui¿, disse ao Correio o embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon. Na avaliação da autoridade, o aumento do interesse ocorre porque a economia brasileira está mudando rapidamente e se globalizando.

As companhias das áreas de petróleo, gás e de serviços financeiros são as que mais demonstram vontade em fincar o pé em solo brasileiro, de acordo com o embaixador. Shannon participou ontem de um encontro sobre economia entre o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o Departamento de Estado dos Estados Unidos, no Palácio do Itamaraty. Segundo o secretário assistente para economia, energia e negócios dos EUA, Jose Fernandez, o diálogo ajudará a estruturar a agenda do presidente americano Barack Obama no Brasil, em março.

¿Não discutimos o número de oportunidades de parcerias existentes, mas elas são muitas¿, ressaltou Fernandez. Uma das áreas de maior interesse dos investidores americanos é a de infraestrutura, especialmente em função da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Ele lembrou que há muito o que fazer em rodovias, ferrovias, aeroportos e, principalmente, nos estádios. ¿Estamos muito entusiasmados com tantas oportunidades no Brasil.¿ (RH)