Título: Spread eleva custo do empréstimo no BNDES
Autor: Alex Ribeiro e Mônica Izaguirre
Fonte: Valor Econômico, 11/02/2005, Finanças, p. C1

O custo médio de um empréstimo no BNDES está hoje entre 13% a 14% para as operações diretas com o banco, embutindo TJLP de 9,75% e mais taxa de risco e spread entre 3% a 4%, informou seu presidente Guido Mantega. A taxa de juro real do BNDES deve oscilar entre 5% e 6%. Nas operações indiretas o custo pode subir para até 15% por conta do spread do agente financeiro entre 3% e 4%, além do spread do banco de 1% na média das pequenas e médias empresas. Mantega destaca que as pessoas que comentam o custo do dinheiro no banco se esquecem do spread, só falam na TJLP. "O BNDES tem custo como qualquer banco, paga impostos e tem custo administrativo e cobra só 1,5% pelo risco do crédito." Ele acredita que há espaço para a TJLP cair, já que os parâmetros que a determinam - risco-Brasil e inflação - estão em queda. Mantega afirmou ao Valor que o BNDES já decidiu que não vai compartilhar com os bancos privados as grandes operações diretas financiadas pela instituição, ao comentar matéria divulgada ontem. "O que estamos estudando é ampliar a capilaridade dos agentes e reduzir o prazo de 57 dias dessas operações pois prevemos que este ano vamos liberar R$ 20 bilhões em operações de médio e pequeno porte, ante R$ 8 bilhões em 2004". Ele disse que não precisa compartilhar estas operações para reduzir a exposição do BNDES, pois trata-se de linhas de crédito para empresas sólidas, com risco baixíssimo. "Não vou dar dinheiro de graça para banco privado compartilhar o não risco, não tem sentido", disse. O assunto é desejo dos bancos privados e a idéia que circula no BNDES é de que os agentes financeiros serão incentivados a mostrar resultado para ter acesso a grandes operações. Na prática os bancos já estão entrando nessas operações. É o caso do crédito de R$ 230 milhões aprovado para a Schincariol, liberado indiretamente por um consórcio de megabancos liderados pelo Bradesco.