Título: Lula demonstra otimismo com negociações
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Fonte: Valor Econômico, 20/03/2008, Brasil, p. A3

Luiz Inácio Lula da Silva recebe o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso: otimismo com as negociações da Rodada Doha, e crença de que um acordo posso sair em breve O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que almoçou ontem com o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, acredita numa solução breve para o impasse diplomático entre Brasil e Espanha. Turistas brasileiros foram barrados quando tentavam entrar em território espanhol, o que gerou uma reação recíproca nos aeroportos do Brasil. Lula lembrou que o presidente da Comissão Européia ajudou o Brasil quando problema semelhante aconteceu em relação a Portugal - Durão Barroso é ex-presidente português.

"Agora, temos de tratar diretamente com a Espanha, que é onde o problema está mais grave", afirmou o presidente brasileiro. Lula disse ter certeza de que Espanha e Brasil nutrem uma admiração recíproca e destacou, ainda, a relação próxima com o primeiro-ministro espanhol, José Luís Zapatero. "Somos amigos pessoais do Zapatero, eu acho que essas coisas serão resolvidas logo, logo", disse Lula.

Tanto Durão Barroso quanto Lula reforçaram as expectativas de que a Rodada Doha possa ser, finalmente, destravada. Para o presidente da Comissão Européia, a economia internacional - especialmente Europa e Estados Unidos, que sofrem os efeitos da crise do dos créditos subprime - está carente de boas notícias. "Se fecharmos a Rodada Doha, isso será uma excelente notícia", acredita ele.

Lula ressaltou que as conversas bilaterais entre o Brasil e a União Européia, especialmente com o objetivo de fortalecer o Mercosul, são muito importantes para o governo brasileiro. Quanto à Rodada Doha, o presidente reconhece que os vários interesses em jogo acabam dificultando ainda mais o êxito das negociações.

"Mas todos nós somos calejados e aprendemos que os grandes acordos são demorados, porque tem coisas delicadas que envolvem decisões de muita gente", afirmou o presidente. Lula segue acreditando na boa vontade dos Estados Unidos, da União Européia e do G-20. "Não se espantem se logo, logo, a gente tiver um acordo na Rodada Doha, o que será muito bom para todo mundo."

Durão elogiou o Brasil, afirmando que, durante muitos anos, o país foi "apresentado como uma grande esperança e, hoje, é uma grande certeza". Ele acredita que o Brasil e União Européia, além de poderem aprofundar o diálogo sobre questões de interesse comum, podem também, no plano mais global, dar uma contribuição para resolver problemas mundiais.

"Hoje, nenhum país do mundo consegue, sozinho, dar resposta aos problemas globais. Mas se nos juntarmos - Brasil e União Européia partilham dos mesmos valores, como solidariedade, paz e justiça - podemos fazer grandes coisas", afirmou o presidente da Comissão Européia.

Entre essas soluções para crises mundiais, Durão citou o debate necessário para um regime pós-Protocolo de Kyoto, realçando o papel de liderança do Brasil na questão dos biocombustíveis. "Estamos trabalhando juntos para garantir que os biocombutíveis sejam sustentáveis e bons para o meio ambiente, para reduzir emissão de gases e garantir a qualidade de vida no nosso planeta, pois não temos nenhum outro planeta para viver", disse Durão.