Título: Holcim prevê investir R$ 2 bilhões no Brasil
Autor: Durão , Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 25/03/2008, Empresas, p. B1

A Holcim Brasil S/A, subsidiária da multinacional suiça Holcim, produtora de cimento, concreto e agregados, desenha um cenário de demanda de cimento muito aquecida no país nos próximos cinco anos. Com base nessa perspectiva, a empresa, quarta no ranking nacional do setor, se prepara para ampliar a oferta de 4 milhões de toneladas para 7 milhões de toneladas anuais no mercado nacional para atender construção civil e obras de infra-estrutura, atividades em forte expansão. Para alcançar essa meta, a subsidiária pretende investir R$ 2 bilhões em modernização e expansão da produção, incluindo a construção de uma nova fábrica, disse Carlos Eduardo Garrocho de Almeida, diretor comercial e de relações externas.

Os novos investimentos serão feitos em três etapas. A primeira prevê gastos de R$ 434 milhões e foi aprovada pelo board da multinacional. O foco é a remodelação e a modernização das cinco fábricas da subsidiária brasileira: duas em Minas, uma no Rio, uma em Sorocaba (SP)e outra em Vitória (ES). As obras começam este ano. A segunda fase inclui expansão da capacidade atual de 4,3 milhões de toneladas por ano, com desembolso de R$ 300 milhões. A expansão da linha de produção vai ser de 1 milhão de toneladas e deve ocorrer nas duas fábricas mineiras - Pedro Leopoldo e Barroso. O projeto está em fase de estudo de viabilidade para ser enviado à aprovação da matriz.

A implantação de uma nova fábrica com produção prevista de 2 milhões de toneladas por ano vai demandar R$ 1,3 bilhão e está em estudos de pré-viabilidade. O local do empreendimento ainda não foi escolhido. O conselho da Holcim suiça deverá bater o martelo no negócio até meados do ano.

Apesar de ter perdido uma pequena fatia do mercado no final de 2007, quando teve um moinho de sua fábrica carioca quebrado, a Holcim Brasil tem participado de várias concorrências em obras de infra-estrutura espalhadas por todo o país. Recentemente, a empresa ganhou a concorrência para suprir de cimento a obra do Porto Açu, um porto gigante, com uma retroárea de 12 mil metros quadrados que o empresário Eike Batista, dono da MMX, está erguendo no litoral norte do Estado do Rio, no município de São João da Barra.

Também pretende disputar a licitação da siderúrgica da chinesa Baosteel, em sociedade com a Vale do Rio Doce, a ser construída em Anchieta (ES). E programa entrar na disputa com outras empresas para fornecer o produto para a obra de construção de uma interligação ferroviária da siderúrgica com a Estrada de Ferro Vitória a Minas, da Vale. A Holcim pretende ainda participar das obras do Arco Rodoviário do Rio.

"A parte de infra-estrutura e de construções industriais está beirando quase a capacidade instalada. Precisamos nos preparar para ter disponibilidade de produto para abastecer a economia", disse Almeida. Na sua avaliação, a indústria de cimento deve crescer 10% este ano, sobre os 10% de 2007, devendo atingir o recorde de 50 milhões de toneladas por ano. O executivo da Holcim não crê que o atual ritmo da construção civil e das obras de infra-estrutura, incluindo o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sofra muito impacto da crise americana. "Tenho conversado com clientes construtores e eles estão animados. O setor imobiliário está muito aquecido e tem sofrido falta de mão-de-obra. Por isso, está trabalhando até com peças pré-fabricadas. O Sinduscon de São Paulo está prevendo um crescimento de 10% para a construção civil este ano. Há uma projeção de construção de 500 mil unidades no país até dezembro. É um dado muito forte".

No momento, a Holcim Brasil está trabalhando para recuperar o mercado perdido no ano passado com a quebra de um moinho na sua fábrica de Cantagalo (RJ). Nos último trimestre de 2007, deixou de produzir 200 mil toneladas de cimento, baixando sua performance de 2007 para 3,6 milhões de toneladas, ante uma previsão de 3,8 milhões de toneladas. Para retomar essa fatia de seu market share, a empresa está fazendo uma promoção de preços (redução entre 1% a 2% da saca de 50 quilos de cimento no mercado carioca).

O preço do saco de cimento no Rio é hoje de R$ 13,50 (incluindo frete). Em São Paulo é R$ 12,90. A promoção, que vai até o final de abril, está aliada a uma campanha publicitária na mídia, com o ex-jogador de futebol conhecido Dario Peito de Aço. A idéia é ressaltar a resistência do cimento da Holcim. Vai gastar R$ 7 milhões na campanha, que busca estimular o consumo de cimento na região fluminense, onde há forte "consumo formiga" (realizado por autoconstrutores de casas).

Na região Sudeste, onde concentra suas atividades, a Holcim costuma deter de 15% a 17% do mercado, mas fechou 2007 com 14,5% na média do ano. "Este ano, vamos tentar recuperar nossa participação tradicional e atingir uma produção de 4 milhões de toneladas no ano". Até 2012, a Holcim deve produzir por ano 7 milhões de toneladas de cimento.