Título: Clima nos EUA impulsiona cotações de grãos
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 25/03/2008, Agronegócios, p. B14

As incertezas que dominam o cenário econômico internacional continuam a contaminar o comportamento das cotações das principais commodities agrícolas nas bolsas americanas, mas ontem grande parte dos movimentos dos fundos que investem em milho, trigo e soja foram guiados por uma variável tipicamente ligada aos chamados fundamentos desses mercados: o clima nos EUA.

De olho na próxima safra do país (2008/09), cujo plantio começará a ganhar fôlego nas próximas semanas, os traders que negociam milho e soja receberam com inquietação as previsões de excesso de chuva e frio intenso em regiões no Meio-Oeste nos próximos dias, o que tende a atrapalhar o preparo dos campos para a semeadura. No caso do trigo, o problema é a expectativa de seca no oeste nas grandes planícies dos EUA, que poderá prejudicar a rentabilidade das lavouras. Resultado: fortes valorizações para os três produtos, que na semana passada oscilaram de acordo com as ondas da crise financeira e registraram perdas consideráveis.

Com os saltos de ontem, parte desta erosão foi compensada. Na bolsa de Chicago, onde atualmente os contratos com vencimento em julho ocupam a segunda posição de entrega (normalmente aqueles com maior liquidez) nos três mercados, a maior alta foi a da soja. Os futuros do grão subiram 50 centavos de dólar (4,09%), o limite máximo permitido, e fecharam a US$ 12,72 por bushel. Com isso, a queda acumulada neste mês de março diminuiu para 17,21%, e nos últimos 12 meses os ganhos passaram a somar 61,99%, de acordo com cálculos do Valor Data.

Para o milho, a variação positiva de ontem foi de 17,75 centavos de dólar (3,42%), para US$ 5,37 por bushel, reduzindo para 3,24% as perdas verificadas em março e ampliando para 29,32% a alta nos últimos 12 meses. No mercado de trigo, finalmente, julho subiu 32 centavos de dólar (3,24%). Neste mês, ainda há baixa de 6,22%, mas em 12 meses o aumento atinge 114,42%.