Título: Mais de 60 aeroportos descumprem normas de segurança
Autor: Rittner , Daniel
Fonte: Valor Econômico, 26/03/2008, Brasil, p. A4

Mais de 60 aeroportos no interior do país descumprem atualmente normas internacionais de segurança e podem até ser fechados caso não haja correção dos problemas nos próximos meses. O alerta foi dado ontem pela presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Solange Vieira, em audiência na Câmara dos Deputados. Entre os problemas apurados, a diretora mencionou a inexistência de equipamentos de raio-X e a fragilidade no controle de acesso aos aviões.

Estão na lista aeroportos principalmente do Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Só no Amazonas são mais de dez. "São mais de 60 (no país) com esse tipo de problema", disse Solange, que procurou afastar qualquer receio de voar por parte dos passageiros. "Os aeroportos do Brasil estão absolutamente seguros."

Segundo a diretora, a maior parte dos descumprimentos se refere a procedimentos de segurança (security, no termo em inglês, adotado na aviação) e não de segurança operacional (safety) - este sim relativo à operação das aeronaves e estado das pistas. Solange avisou que, "se formos seguir ao pé da letra", esses aeroportos terão que ser fechados. A agência está fazendo um levantamento de quais as adaptações necessárias e deverá exigir uma solução antes da auditoria da Organização de Aviação Civil Internacional (Oaci), a ser feita em 2009. Se encontrar problemas, a organização pode rebaixar o Brasil na classificação internacional.

A presidente da Anac deixou em aberto a possibilidade de "flexibilização das normas". Auxiliares argumentam que alguns aeroportos, principalmente na região amazônica, estão em municípios de acesso complicado e às vezes são a única forma de transportar doentes. Solange participou, ao lado do chefe do Cenipa, brigadeiro Jorge Kersul, de audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional para discutir a segurança de Congonhas.

Kersul disse que pretende ter o relatório final do acidente com o vôo 3054 da TAM até julho, antes da tragédia completar um ano. De qualquer forma, enfatizou que a Aeronáutica já divulgou dezenas de recomendações, em função da experiência com o acidente, para aumentar a segurança em Congonhas e nos demais aeroportos.