Título: PSDB libera alianças nos municípios
Autor: Ulhôa , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 26/03/2008, Política, p. A11

Reunida ontem, a Executiva Nacional do PSDB decidiu não impor veto prévio a alianças com quaisquer partidos. Mas, se alguma for considerada "indefensável", segundo presidente do partido, senador Sérgio Guerra (PE), o diretório estadual do partido poderá interferir em municípios menores de 50 mil habitantes e o nacional, nos maiores. Essa norma consta da resolução aprovada ontem. Os partidos precisam aprovar suas regras para coligações até seis meses antes do pleito.

"As eleições municipais têm características próprias, locais, diferentes das nacionais. Temos uma compreensão ampla e flexível das alianças eleitorais. Mas, se tiver uma desordem, uma aliança indefensável - como apoio a um bandido ou a um inimigo declarado do partido -, que não tenha sentido democrático, poderá haver intervenção do diretório estadual ou do nacional, dependendo do tamanho do município", disse o dirigente tucano. Haverá interferência da direção nacional apenas em situações "extremas".

A cúpula decidiu não vetar antecipadamente a coligação com nenhum partido, mas há uma preferência em evitar parcerias com o PT, como a articulada pelo governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), com o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), em torno de um candidato do PSB à prefeitura da capital. Além de Belo Horizonte, o PSDB costura alianças com partidos da base do governo Lula em outras cidades, como Recife (PMDB). E há possibilidade de o PT do governador Jaques Wagner apoiar, em Salvador, o candidato do PSDB.

Guerra lembrou que em Belo Horizonte o pré-candidato que teria apoio do PSDB e do PT é do PSB, partido com o qual os tucanos mantêm "relações cordiais". Além disso, manifestou confiança em Aécio, que, segundo o dirigente, está "pacificando" o Estado. "Aécio saberá conduzir o partido. Vai nos garantir agora, amanhã e depois bons resultados políticos." O presidente do PSDB minimizou o argumento de setores do PT segundo o qual a aliança com o PSDB em Minas não deveria ser aprovada caso se configure ser um projeto para 2010. "Isso é matéria de economia interna do PT", disse.

A direção nacional do PSDB desistiu de tentar conciliar as pré-candidaturas do ex-governador tucano Geraldo Alckmin e do prefeito Gilberto Kassab (DEM) à Prefeitura de São Paulo no primeiro turno da eleição. A preocupação, agora, é evitar um confronto que impeça os dois de estarem juntos no segundo turno. A Comissão Executiva Nacional tomou ontem posição em relação às coligações nas eleições municipais, a exemplo do que fez o PT na segunda-feira.

"As duas forças políticas (PSDB e DEM) disputarão a eleição com dois candidatos em São Paulo. É importante que no segundo turno a aliança entre eles ganhe do PT", disse o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). "É importante criar um ambiente no primeiro turno que não crie dificuldade para uma aliança no segundo turno. Não podemos perder uma eleição que está ganha", afirmou.

Ele admitiu que ainda não foi definida uma estratégia partidária para ser seguida pelos secretários municipais que são do PSDB e pelos vereadores do partido que defendem apoio à candidatura de Kassab à reeleição. Não soube dizer, por exemplo, se os tucanos que integram a administração Kassab devem deixar seus cargos para evitar constrangimentos eleitorais.

Guerra esteve em São Paulo na segunda-feira, conversando, separadamente, com o governador José Serra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Alckmin, os vereadores do PSDB e o presidente do diretório municipal do partido, José Henrique Reis Lôbo. Embora Lôbo tenha lhe dito que ainda acredita em uma aliança entre Alckmin e Kassab, Guerra desistiu dela. "Alckmin não abre mão de jeito nenhum e Kassab também não", disse.