Título: Cartões de crédito crescem com mais força no Nordeste
Autor: Junior , Altamiro Silva
Fonte: Valor Econômico, 26/03/2008, Finanças, p. C10

O crescimento dos cartões de crédito saiu do eixo Rio-São Paulo e chegou a todas as regiões do país. Puxado pelo Nordeste e Centro-Oeste, o volume de recursos movimentado pelo pagamentos com cartão cresceu 108% no período 2003 a 2007, saltando de R$ 88 bilhões para R$ 183,3 bilhões, segundo estudo "O Cartão de Crédito e suas Regionalidades" divulgado ontem pela Itaucard.

O número total de plásticos subiu 105% no mesmo período, para 93 milhões de unidades. A região Nordeste foi a líder em crescimento, com salto de 141%, para 26 milhões de cartões.

Segundo Fernando Chacon, diretor de marketing de cartões do Itaú, este crescimento é puxado pela baixa renda. Na região Nordeste, 51% do volume movimentado pelos cartões de crédito vêm de pessoas com renda mensal abaixo de R$ 1,5 mil, frente a 43% da média nacional. Em número de plásticos, 66% do total de cartões de crédito no Nordeste estão na baixa renda, em comparação aos 61% da média nacional.

Já a região Centro-Oeste é a que mais cresce em volume de recursos movimentado pelos cartões. No período de 2003 a 2007, subiu 170%, em relação aos 108% da média nacional.

O alto gasto na região Centro-Oeste vem, principalmente, por conta de Brasília, uma das cidades com o mais alto custo de vida do país, e do agronegócio, em Estados como Goiás.

A região Centro-Oeste tem o maior gasto médio anual com cartão de crédito do país, com R$ 2,6 mil, bem acima dos R$ 1,97 mil da média nacional. Na alta renda do Centro-Oeste, este gasto chega a R$ 5,7 mil, também acima dos R$ 4,7 mil da média nacional.

Já a região Norte é a líder em compras parceladas. Nada menos que 65% dos gastos com cartão na região são feitos no parcelado sem juros.

A decepção ainda é o Sul do país, que, apesar do alto nível de renda ainda, não está tão desenvolvido nos meios eletrônicos de pagamento - responde só por 8% do faturamento e dos plásticos. Os Estados do Sul foram os últimos a aderir ao setor de cartões. Foi por volta de 2000 que algumas grandes redes da região passaram a aceitar os plásticos. Ainda hoje, estabelecimentos conhecidos, como por exemplo a rede Záfari, não aceitam cartões com bandeiras Visa ou MasterCard. Por conta desta entrada "tardia" no setor, Chacom avalia que o Sul pode vir a liderar o crescimento dos cartões no país no futuro.

O mercado de cartões de crédito vem crescendo a taxas de dois dígitos há vários anos. Chacon avalia que este ritmo ainda vai continuar.

As estimativas são de que cerca de 31 milhões de brasileiros têm cartões. O público alvo do setor, porém, é bem maior que isso. Considerando pessoas acima de 18 anos com rendimentos mensais acima de R$ 150, o potencial do mercado chega a 102,1 milhões de pessoas.