Título: Aprovação de Lula cresce em todas as faixas de renda
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 28/03/2008, Política, p. A12

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com os 58% de avaliação de ótimo/bom detectados pela pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem, obteve seu melhor resultado desde março de 2003, quando tinha apenas dois meses de governo. Naquele levantamento, Lula tinha 51% de avaliação ótima ou boa. O número de pessoas que considera o governo Lula ruim ou péssimo caiu de 17% para 11%, ampliando de 34% para 47% a diferença entre as duas avaliações, ou seja, o saldo positivo.

Lula teve uma melhora de avaliação em todos os segmentos da população, inclusive naqueles que tradicionalmente são mais críticos à gestão do petista: os mais ricos e com maior grau de escolaridade. Lula tem avaliação ótimo/bom de 47% entre aqueles que ganham mais de dez salários mínimos ante 37% que o consideram ruim ou péssimo. Entre aqueles que têm nível superior ou maior, a avaliação positiva também é feita por 47% dos entrevistados contra 36% que o consideram ruim ou péssimo.

A aprovação ao governo também chamou a atenção dos pesquisadores, sendo a segunda melhor desde março de 2003, quando era de 75%. Na pesquisa anterior, feita em dezembro do ano passado, o governo Lula era aprovado por 65% da população e desaprovado por 30%. Hoje, esses percentuais são de 73% e 22%, respectivamente. Na média, o governo Lula recebeu nota 7,1. Dentre os 2002 entrevistados pela pesquisa, 68% confiam no presidente Lula enquanto 28% não confiam (em dezembro, a relação era de 60% que confiavam para 35% que não confiavam).

Para o diretor da Confederação Nacional da Indústria, Marco Antônio Guarita, o bom desempenho da economia brasileira é o principal fator para justificar a avaliação positiva do governo Lula. "A população tem percepção de que a vida está melhor e isso está contaminando os demais indicadores avaliados pela pesquisa", prosseguiu ele. "A economia está sendo preponderante aqui como foi preponderante no debate estabelecido por Bill Clinton nos Estados Unidos quando, baseado nos bons números da economia, conseguiu se reeleger", disse Guarita.

Os dados são ainda mais impressionantes, segundo ele, porque se trata da avaliação de um presidente que já está no segundo ano do segundo mandato, período em que teria todas as condições naturais para começar a enfrentar o desgaste.

Não é o que a pesquisa demonstra: 42% dos entrevistados acham que o segundo mandato de Lula está melhor que o primeiro (eram 35% em dezembro) e apenas 16% consideram essa segunda gestão abaixo dos resultados obtidos durante os primeiros quatro anos.

"Se ele consegue eleger um poste em 2010 eu não sei. Mas com certeza consegue colocar esse poste no segundo turno", avaliou um técnico que teve acesso aos dados da pesquisa. Guarita ainda acha, no entanto, prematuro analisar nomes e chances na corrida presidencial de 2010, especialmente por dois motivos: a distância do pleito e o debate sobre a sucessão municipal.

O bom resultado de Lula perpassa também pelos oito setores específicos analisados pela CNI/Ibope: combate à fome e à pobreza; programas sociais nas áreas de saúde e educação; segurança pública; combate à inflação; taxa de juros; combate ao desemprego; impostos e meio ambiente. Em todos eles, mesmo naqueles em que a avaliação segue majoritariamente negativa (impostos, segurança pública e taxa de juros), houve melhora nos indicadores do governo.

Nas políticas de combate ao desemprego, por exemplo, essa foi a primeira pesquisa das 18 realizadas desde que Lula chegou à presidência que aponta uma aprovação da população às ações governamentais para abrir vagas de trabalho. A aprovação é de 55% da população, contra 41% que desaprova. Em nenhuma das pesquisas anteriores esse saldo foi positivo. Em junho de 2005, por exemplo, 62% desaprovavam as ações do governo e apenas 33% achavam que o Executivo está no caminho certo.

Na questão dos impostos, o placar ainda é desfavorável ao governo: 35% aprovam as ações do Planalto ante 60% que desaprovam (um déficit de 25%). Mas esses dados eram piores em dezembro do ano passado, gerando um déficit de 43% (26% de aprovação e 69% de desaprovação). "O fim da CPMF e o encaminhamento da reforma tributária podem ter contribuído nessa mudança de cenário", acredita Guarita.

Para 27% dos brasileiros, as notícias recentes são favoráveis ao governo, mesmo tendo sido o escândalo dos cartões corporativos o tema mais lembrado quando se questionava sobre as matérias que mais chamaram a atenção nos últimos tempos.