Título: FHC afirma que não é pai de Aécio para aprovar aliança
Autor: Junqueira , Caio ; Agostine , Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 27/03/2008, Política, p. A11

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que não é pai do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), para opinar sobre seu namoro com o PT em Belo Horizonte para uma possível aliança na disputa pela prefeitura da cidade. "Dizem que ele é namorador. Eu gosto do Aécio, confio nele, está fazendo o que é melhor para Belo Horizonte. Mas eu não sou o pai dele )para aprovar o namoro com o PT).´´

O ex-presidente disse ainda que o PSDB e o DEM precisam manter uma "relação harmônica´´ em São Paulo para uma eventual aliança no segundo turno da eleição à prefeitura.

Segundo ele, os dois partidos têm bons candidatos na disputa. "Não tenho acompanhado de perto. Provavelmente o PSDB de São Paulo lançará candidato próprio, é muito difícil um partido grande ter um candidato e não lançá-lo. Os dois partidos têm bons candidatos e devem manter uma relação harmônica para uma eventual junção no segundo turno´´, disse.

O tucano reiterou ainda seu apoio ao candidato do PSDB. "O candidato do meu partido tem meu total apoio.´´

A oposição ao governador de São Paulo, José Serra (PSDB) na Assembléia Legislativa, acredita em prejuízo eleitoral para sua coligação advinda do fracasso da venda da Cesp. Os cerca de R$ 7 bilhões previstos com a venda não-concretizada da Cesp correspondem a cerca de 10% do total de investimentos previstos para os próximos quatro anos pelo governo de São Paulo no Plano Plurianual (PPA), para o período de 2008 a 2011.

Os investimentos previstos no Orçamento estadual privilegiam a capital paulista já neste ano, em especial o setor de infra-estrutura em transportes, como as linhas 4 e 2 do metrô e A e F da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

"Essa é a CPMF do Serra", afirma o deputado estadual Mário Reali (PT), integrante da Comissão de Finanças da Assembléia Legislativa. "Ele terá de rever receitas e despesas deste ano, alterar metas. Os recursos que viriam com a Cesp eram de alta liquidez, com pagamento à vista e possibilidade de utilização imediata em pleno ano eleitoral", afirma. De acordo com o petista, os investimentos de Serra neste ano eleitoral foram prejudicados. "Há um limite de endividamento do Estado. Hoje, o governo tem aproximadamente R$ 2 bilhões para se endividar, caso contrário precisará de autorização."

Em contraposição, o governo paulista negou que seu planejamento saiu prejudicado com o episódio. Segundo a Secretaria de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo, porém, "nada do que estava previsto no Plano Plurianual deixará de ser feito" por conta da não-realização do leilão da Cesp. Para o secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, não haverá qualquer alteração no programa de investimentos do governo. "Isso não atrapalha nosso cronograma. Para nós não há impacto", afirmou.

Ontem o prefeito Gilberto Kassab exortou os eleitores a cobrarem dos candidatos compromissos de investimento em transportes públicos. A prefeitura anunciou R$ 1 bilhão de investimentos no metrô de São Paulo, em parceira com o governo Serra.

Kassab voltou a insistir na aliança entre democratas e tucanos desde o primeiro turno. "Entendo como legítimas as manifestações de dirigentes do meu partido em relação à minha candidatura assim como são naturais e legítimas as do PSDB. Vou direcionar as minhas energias e minhas ações no sentido de que seja mantida a aliança na cidade de São Paulo desde o primeiro turno´´, afirmou. (Caio Junqueira e Cristiane Agostine, com agências noticiosas)