Título: Países menores da Europa ficam vulneráveis e sobem taxa de juros
Autor: Walker , Marcus
Fonte: Valor Econômico, 27/03/2008, Internacional, p. A15

Economias da periferia da Europa que dependem bastante de investidores estrangeiros - mais recentemente a Romênia e a Islândia - estão aumentado juros para combater a inflação e estimular suas moedas, enquanto os mercados financeiros questionam se os países podem sustentar um crescimento à base de dívida.

O banco central da Romênia aumentou ontem sua taxa de juros em meio ponto porcentual, para 9,5% ao ano, em parte para sustentar a moeda do país, o leu. A decisão ecoou a alta de 1,25 ponto porcentual na Islândia, anunciada terça-feira e que levou a taxa anual para 15%. A moeda islandesa, a coroa, também tem sido pressionada nas últimas semanas. O banco central da Polônia também aumentou juros ontem. Acredita-se que a Hungria vá fazer o mesmo segunda-feira.

Apesar do risco de uma forte queda na economia, muitos países ex-comunistas no Leste Europeu - além de outros na região, como a Turquia - precisam de juros altos para atrair o investimento e crédito do estrangeiro que paga por seus enormes déficits comerciais e de outras transações internacionais, conhecido como déficit de contas correntes.

"O aspecto comum em muitos desses países é que eles são muito dependentes de financiamento externo", disse Reinhard Cluse, economista de mercados emergentes do UBS em Londres. "Isso torna a situação particularmente difícil numa época em que o apetite global por riscos está diminuindo e as condições de financiamento estão se deteriorando."

Alguns países estão sob um risco maior que outros, dizem economistas, por causa da escala da necessidade que têm de financiamento externo e porque se apóiam em volátil capital de curto prazo para cobrir seus déficits. O grupo de maior risco inclui Islândia, Turquia, Hungria, Romênia e o trio báltico Letônia, Lituânia e Estônia.

Outros, como Polônia, Eslováquia, República Tcheca e Rússia, estão em melhor posição para agüentar a tempestade nos mercados globais, graças a economias melhor equilibradas, forte entrada de investimento direto estrangeiro e, no caso da Rússia, enorme receita de gás e petróleo.

Mas países com déficits externos maiores podem enfrentar crise financeira se suas moedas despencarem. Muitos bancos, empresas e famílias tomaram grandes empréstimos em moeda estrangeira. Muitos húngaros, por exemplo, tomaram empréstimo para comprar a casa própria em francos suíços e euros, aproveitando os juros baixos nessas moedas. "Isso funcionou bem até começar a crise de crédito", disse Gyula Tóth, economista para Europa Central do Unicredit MIB, em Viena. O enfraquecimento do florim húngaro nos últimos meses provocou o aumento do pagamento de juros no financiamento das casas de famílias que já sofriam por causa do forte enfraquecimento econômico.

Como a maioria dos analistas, Tóth espera que o banco central da Hungria aumente os juros na semana que vem, em parte para sustentar o florim. Juros altos atraem dinheiro para um país, o que cria demanda por sua moeda. Na Romênia, na Bulgária e nos países bálticos, explosão de crescimento, importações e o preço das propriedades alimentou a tomada de empréstimo no exterior. O déficit em conta corrente da Romênia no ano passado era equivalente a quase 14% do seu Produto Interno Bruto (PIB), enquanto a Bulgária e a Letônia tinham déficits superiores a 20% do PIB. Muitos analistas temem que tal nível não possa continuar, agora que se acabaram os dias de crédito global barato.

Na melhor das hipóteses, essas economias enfrentam ajustes dolorosos, entre os quais juros mais altos para conter consumo, importação e inflação. Na pior, investidores estrangeiros e a população local podem perder a confiança nas moedas e abandoná-las, levando a uma desvalorização descontrolada.

No entanto, muitos economistas ainda têm esperança de que tal desastre - uma reprise da crise passada dos mercados emergentes na América Latina e no Sudoeste da Ásia - possa ser evitado. "Estamos razoavelmente otimistas que essas economias vão conseguir uma aterrissagem suave", diz Neil Shearing, economista para emergentes europeus da Capital Economics, em Londres.

Em comparação a países prejudicados por dívidas no passado, a maioria das economias emergentes da Europa tem, relativamente, dívidas governamentais baixas e grande reserva de moeda estrangeira.

Eles têm laços fortes de comércio e investimento com economias estáveis da Europa Ocidental, inclusive com a maioria dos bancos sendo controlados por acionistas de países mais ricos. Esse tipo de proteção torna menos provável, mas não impossível, uma crise completa de débito, dizem vários economistas.

"Ser membro da União Européia é um guarda-chuvas que deixa os investidores mais animados em pôr dinheiro na Europa Central e do Leste", diz Shearing.

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