Título: Azteca traz ao país o banco sem tarifa
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Fonte: Valor Econômico, 27/03/2008, Finanças, p. C1

O bilionário mexicano Ricardo Salinas inaugura hoje, na periferia do Recife, as operações do grupo Elektra no Brasil. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o empresário abrirá no bairro de Água Fria uma loja Elektra e uma agência do Banco Azteca.

O grande diferencial das atividades do grupo em relação aos concorrentes que já estão em terras brasileiras deve ficar na área financeira. Para a abertura de conta, o Banco Azteca não exigirá comprovação de renda nem cobrará tarifas. Bastará ter, no mínimo, R$ 10 para um depósito inicial.

"O banco não vai ganhar dinheiro com tarifas. O lucro virá da cobrança de juros", afirma Luis Niño de Rivera, vice-presidente do conselho de administração do Banco Azteca. Isso porque o foco das operações será a concessão de crédito, tanto por meio de empréstimos pessoais quanto por financiamentos em compras feitas na Elektra.

Segundo Rivera, o valor mínimo do empréstimo no banco ficará em torno de R$ 200, podendo cair para R$ 100. As taxas de juros ficarão em cerca de 30% ao ano. "Se a pessoa não pagar, vamos pessoalmente até a casa dela cobrar."

A grande diferença em relação às demais financeiras será a forma de cobrança: semanal, em vez de mensal. Quem tomar empréstimo de R$ 500 por um ano, por exemplo, pagará R$ 13 por 52 semanas.

Paras lojas, que venderão móveis, eletroeletrônicos e linha branca, o grupo Elektra também deve em breve acrescentar itens que podem diferenciá-lo dos concorrentes, como carros e motos.

Em novembro, o grupo Salinas anunciou a construção de uma montadora no México em sociedade com a chinesa FAW (First Auomobile Works), com investimentos de US$ 150 milhões e capacidade para produzir 100 mil carros por ano. A previsão é que a fábrica só comece a operar em 2010, mas até lá, os carros serão importados e vendidos pela Elektra no México por cerca de US$ 7 mil. Lá, o grupo já produz motocicletas.

Rivera prevê que neste ano serão abertas dez lojas e 21 agências em Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte. Mais tarde, a empresa deve seguir para Ceará e Bahia. A preferência é por locais que concentrem pessoas com baixa renda. Daqui a duas semanas, será aberta a segunda unidade da Elektra e do banco Azteca em Olinda, no bairro periférico de Peixinhos. "Vamos atender um mercado para o qual as empresas e os bancos não prestam muita atenção", diz o executivo.

Para o comando da rede varejista no Brasil foi escalado o mexicano Victor Ruiz, antes responsável pela Elektra em parte do México. Para o banco foi destacado o brasileiro Paulo Bezerra, que trabalhava no banco pernambucano BGN.

O grupo Elektra, que inclui os braços financeiro e varejista, possui 1.900 pontos-de-venda em sete países da América Latina. No ano passado, obteve lucro líquido de US$ 596 milhões e receita de US$ 3,5 bilhões. Já o grupo Salinas, do qual a Elektra faz parte, fatura mais de US$ 5 bilhões, com negócios também em telefonia e mídia.

O conglomerado teve sua origem em 1906, a partir de uma pequena fábrica de móveis criada por Ricardo Salinas Westrup. Nos anos 50, a família Salinas passou a produzir rádios e televisores, que já eram vendidos por meio da concessão de crédito. A primeira loja Elektra surgiu em 1957.