Título: Dataprev promete orçamento de R$ 80 milhões
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 01/04/2008, Empresas, p. B3

A Empresa da Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) está sendo reforçada para ampliar sua atuação. Seu novo presidente, Lino Roque Camargo Kieling, informa que a empresa vai ocupar mais espaço na prestação de serviços para outros ministérios da área sociais, principalmente Trabalho e Desenvolvimento Social. "Somos uma empresa em atualização. Nosso foco é a prestação de serviços para o governo federal", diz Kieling.

A Dataprev completará 33 anos em novembro e Kieling revela que o ministro da Previdência, Luiz Marinho, evitará cortes no orçamento de R$ 80 milhões previsto para este ano. Afinal, diz, sem um eficiente processamento de dados é impossível dar bom atendimento a aposentados e pensionistas. A estimativa é a de que o lucro de 2007, cerca de R$ 40 milhões, seja repetido este ano.

Segundo o que comenta o presidente, a Dataprev viveu momentos "muito difíceis" em 2003 e 2004 porque, em governos anteriores, havia o plano privatizar e, por esse motivo, foram suspensos investimentos necessários. Na avaliação de Kieling, é "gravíssimo" impor a uma empresa de tecnologia da informação essa situação porque é grande a velocidade da evolução. O investimento e o pagamento das dívidas foram retomados em julho de 2006.

O plano de reforçar a musculatura da Dataprev vem sendo intensificado. Em 2006, depois de muitos anos, foi realizado um concurso para contratar 325 analistas. Agora, são 3.122 profissionais, o que significa metade do pessoal que trabalhava nos anos 90. Além da modernização dos equipamentos e de novos contratos com as operadoras de telecomunicações, Kieling diz que serão integradas as três unidades de processamento, atualmente isoladas no Rio, São Paulo e Brasília.

A rede de telecomunicações também passou a ter maior segurança e velocidade. Segundo a empresa, contratos de 36 meses de duração foram assinados com as operadoras Brasil Telecom (R$ 27,49 milhões), Embratel (R$ 54,56 milhões) e Telefônica (R$ 17,75 milhões).

Também vem sendo dedicada atenção especial ao serviço prestado aos bancos que operam com o crédito consignado do INSS, criado em 2004. Essa atividade respondeu por 7,12% da receita do ano passado. Em 2004, foi processado pouco mais de 1,1 milhão de registros (informações). Em 2007, esse volume de trabalho saltou para 24,6 milhões de registros. Com relação às finanças, o INSS, principal cliente, ainda deve R$ 255,76 mil à Dataprev. Há um rombo de R$ 222,4 mil no fundo de pensão Prevdata, mas ainda não se definiu o destino desse passivo.

Neste ano, o orçamento para a evolução de hardware, software, qualificação e contratação de pessoal é de R$ 80 milhões. A área de TI vai receber R$ 40 milhões, a gestão de imóveis terá R$ 15 milhões e os equipamentos outros R$ 4 milhões.

A receita total em 2007 foi de R$ 552,28 milhões, e consignações atingiram R$ 39,32 milhões, correspondendo a 7,12%. A previsão de receita para 2008 é de R$ 634 milhões. O valor do contrato assinado em fevereiro de 2007 com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por cinco anos, é de R$ 90 milhões.

Os equipamentos da Dataprev começaram a ser atualizados em 2007, com a chegada das máquinas da HP. O custo foi de US$ 1,73 milhão. Kieling garante que , em abril de 2010, a empresa deixará de usar equipamentos da Unisys, conforme o acordo firmado para resolver um conflito com a empresa. "Queremos liberdade de escolha de fornecedores. Concorrência é garantia de qualidade e preços adequados", justifica.

O presidente da Dataprev admite que prazos intermediários foram perdidos. Em sessão realizada em 19 de março, os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) julgaram o processo que acompanha a implementação do Plano de Modernização Tecnológica da Previdência Social (PMT-PS). O relator é o ministro Ubiratan Aguiar. O tribunal requisitou informações ao ministro da Previdência e aos presidentes do INSS e da Dataprev sobre os baixos índices de execução das duas primeiras etapas do Sistema Integrado de Benefícios (Sibe). Até dezembro de 2007, os percentuais de execução delas foram de de 8% e 0% respectivamente.

O atraso acumulado na devolução de equipamentos de grande porte da Unisys fará com que a Dataprev deixe de economizar, de janeiro a julho deste ano, R$ 6,48 milhões. Os ministros do TCU também questionam a baixa execução orçamentária da empresa no ano passado, quando R$ 20,77 milhões foram usados do total de R$ 65,17 milhões.

Segundo o acórdão do TCU, o adiamento da conclusão dos programas Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) e Sibe significa, até dezembro de 2007, atraso acumulado de seis e nove meses, respectivamente, em relação ao cronograma original. De acordo com a assessoria da Dataprev, o TCU e o Ministério Público Federal vêm acompanhando com rigor - relatórios mensais - esse programa de modernização tecnológica e o prazo final de migração da plataforma Unisys (abril de 2010) será cumprido.